Claro como a luz do dia, a mídia tradicional não é mais a mesma. Não é preciso ser um gênio para deduzir isso. O mundo está mudando e, junto com ele, nossa profissão. Outro dia encontrei um ex-colega que me disse que, na época dele, era melhor. Respeitosamente, discordei e respondi: “Nossa época foi boa, mas já passou. Vamos olhar para frente e reconhecer que a melhor fase é a atual e assim sucessivamente”.
Quando surgiu a internet, disseram que era o fim do rádio e de outras mídias tradicionais
Como em todas as profissões, estamos em permanente evolução. E o jornalismo não é diferente. As transformações são óbvias e bem-vindas. Por exemplo, quando eu comecei e não faz tanto tempo assim, datilografava as notícias numa máquina de escrever. Hoje, minhas filhas nem sabem o que é isso. Na estante da minha sala, mantenho uma máquina semelhante à que eu usava. Explico a elas que fiz aula de datilografia e, se errasse uma palavra, poderia ter de jogar a folha fora e começar tudo de novo. Hoje vejo a frustração delas em errar uma palavra no texto do computador e ter que apagar e repeti-la. É curioso imaginar como elas se frustram por tão pouco. No meio da década de 1990, eu sequer poderia imaginar que elas teriam este tipo de decepção.
Anos atrás, cada repórter recebia uma pauta específica e ia em busca da informação. Atualmente, uma das nossas principais funções é desmentir boatos, ser uma espécie de certificador do que está deixando as pessoas em dúvida. E é graças a se adaptar a transformações como esta que estamos sobrevivendo e continuamos relevantes em meio a esse turbilhão.
Outra frente de transformação é a tecnologia. Num passado recente, fiz uma viagem pela RBS à Europa levando dois computadores, uma câmera, um gravador e um microfone. Se fosse hoje, levaria apenas um smartphone. Sinceramente, prefiro os dias atuais. Tudo é bem mais prático. O que não mudou e não deverá mudar com o tempo é a necessidade do homem por trás da máquina. Assim espero. Aos apocalípticos que preveem o fim da imprensa diante de criações como a inteligência artificial, lembro que quando surgiu a internet, disseram que era o fim do rádio e de outras mídias tradicionais. Claro que isso não aconteceu. Pelo contrário, o surgimento da internet foi uma evolução extremamente importante para a humanidade e acabou ampliando a importância e o papel do jornalismo.