Não sou crítico literário e nada contra ser um. Sou apenas um jornalista que gosta de ler. Existem dezenas de livros bons. Com frequência me pedem uma indicação. Sempre digo a mesma coisa: o melhor livro é aquele que te interessa. Nem sempre adianta tu me pedires uma indicação. Posso gostar de uma coisa e tu não.
Uma pesquisa recente da Câmara Brasileira do Livro (CBL) mostra que, infelizmente, o número de leitores no Brasil está diminuindo. Em 2023, 84% da população não comprou livro. O principal motivo alegado pelos entrevistados é a falta de tempo. Imagino que essas pessoas tenham se seduzido pelas telas. Dos 25 milhões de leitores que temos no país, 69% adquiriram entre um e cinco volumes, enquanto 8% compraram 16 ou mais livros. O país tem 2.972 livrarias. Destas, 161 ficam em São Paulo, que aparece na ponta do ranking da Associação Nacional de Livrarias (ANL). Há uma transformação no mercado que precisamos entender. A fórmula é simples: apreciar livrarias e ler mais.
Sempre li e em 2024 vou procurar ler mais ainda. No ano que passou, li muitos livros bons de temas variados. Biografias, educação, reportagem, História, evolução humana... O melhor livro foi Operação Abafa – Predadores Sexuais e a Indústria do Silêncio, escrito pelo jornalista investigativo Ronan Farrow. Com muita coragem, Ronan conta os bastidores da reportagem publicada nos Estados Unidos em 2017 sobre abusadores de Hollywood, como o produtor e diretor Harvey Weinstein.
Foram meses de investigação e entrevistadas que se dispuseram a mostrar o rosto para as câmeras e denunciar o predador sexual. Weinstein usava seu poder para enganar mulheres atuando em filmes. Em troca, exigia manter relação sexual com elas. A reportagem resultou na condenação do estuprador a 23 anos de cadeia. Ronan é filho do casal Mia Farrow e Woody Allen e contou como o pai abusou sexualmente de uma filha da esposa chamada Dylan. É um filho – testemunha ocular – que denuncia o próprio pai. Para mais detalhes, leia o livro. Eu não me arrependi.