Existem 150 mil pessoas com autismo no Rio Grande do Sul. É o equivalente à população de uma cidade de médio porte do Estado. No Brasil, são cerca de 2 milhões. Só para se ter uma ideia, Porto Alegre, nossa capital e cidade gaúcha mais populosa, tem 1,3 milhão de habitantes. O autismo não é uma síndrome e tampouco uma doença. É, sim, um transtorno. E este transtorno vem sendo diagnosticado em cada vez mais pessoas. Nos anos 1980, havia um autista para cada 150 pessoas no Estado. Atualmente, existe um para cada 66. Poucos diagnósticos na saúde tiveram um crescimento tão grande.
Não existe remédio, é um transtorno que acompanha o paciente a vida toda. O melhor tratamento é o amor da família junto com acompanhamento psicológico. O Bernardo Martínez é um exemplo a ser observado. Aos 23 anos, ele estuda em universidade e teve uma infância feliz graças à mãe, Luciana Mendina. Ainda bem, a família notou cedo, quando ele tinha menos de dois anos, que ele era um menino que precisava de ajuda terapêutica. Os médicos foram fundamentais.
Existe até um dia dedicado à conscientização para o autismo, é 2 de abril. A descoberta precoce é fundamental, porque é durante a infância que se dá o desenvolvimento. Portanto, quanto mais cedo melhor. Não dá para desperdiçar tempo.
Em 2017, foi sancionada uma lei que inclui no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) a obrigatoriedade de o SUS adotar protocolo de risco psíquico desde o nascimento do bebê até os 18 meses. A lei mudou o cenário da saúde nos últimos anos. Antes da aprovação, eram raríssimos os diagnósticos de crianças com menos de cinco anos. Atualmente, são diagnosticadas com menos de dois anos.
A Inclusiva – Rede de Apoio aos Autistas da Região Sul – tem uma campanha de arrecadação para pagar de 50 a 100 consultas de diagnóstico do autismo por mês. Como no SUS a fila de espera pode passar de dois anos e quanto mais tarde for o diagnóstico, menos chance de reverter os sintomas, antecipar a consulta é algo fundamental.
A mãe do Bernardo, Luciana, escreveu quatro livros sobre autismo ou transtorno do espectro autista (TEA). Um dele é o Guia Prático do Autismo. Vale muito ler para ter mais esclarecimentos, mesmo que não haja caso na sua família.