Candidatos na campanha deste ano deram uma demonstração de que aprenderam a dar um calote antes mesmo de assumirem. Se aproveitam do momento, da falta de informação e dos exemplos de campanhas anteriores para prometer o que não lhes cabe fazer.
Na propaganda eleitoral obrigatória no rádio e na televisão candidatos se revezam para prometer o que não poderão cumprir. Eles têm a fórmula para resolver todos os problemas da sociedade. Candidatos de um cargo que falam de coisas que não dizem respeito a eles. Um policial em cada esquina (lembram dessa?): seria necessário mais do que dobrar o número de brigadianos para dar conta de tudo.
Eles serão "a sua voz no parlamento". Vão "acabar com a dívida impagável do Estado com a União" e tornar o Rio Grande um oásis. Todos têm compromisso com o Rio Grande, mas depois de eleitos viram as costas para o eleitorado. Caem na realidade da falta de dinheiro, da inexequibilidade das propostas, do vício de origem de projeto, da falta de apoio dos colegas.
No maravilhoso mundo da propaganda de campanha, o mensalão não existiu e a Petrobras não foi aparelhada. O STF, que merece muitas críticas, é o alvo da vez. Candidato que promete fechar o STF. Falta combinação. Soberania... muitos prometem reestabelecer a soberania. Desde quando a perdemos? Não é papel do parlamentar sozinho escolher nossos valores.
Alguns candidatos se esqueceram que o Estado é laico. Eles têm todo o direito de louvar a quem bem entenderem, mas não se pode levar isso para política. No parlamento, vai encontrar colegas de diferentes credos.
O oponente encarna tudo de ruim que há no mundo. Começam mal, um parlamentar precisa construir apoio para poder aprovar seu projeto, caso contrário será derrotado. Terminada a campanha, os novos eleitos enfrentam a realidade e esquecem tudo o que prometeram. E o eleitor não lembra de mais nada.