Em 2020, a pandemia forçou o fechamento de escolas em todo o país, levando para casa alunos e professores que foram submetidos a uma experiência nova: tentar improvisar, de forma remota, a atividade de aprendizado. Um ano se passou, e os números impressionam.
Cerca de 4 milhões de estudantes em todo o Brasil foram para casa e não voltaram a fazer qualquer contato com a escola. Levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas, com base nos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica, apontam para um retrocesso de três a quatro anos, dependendo da disciplina, na perda para alunos que tiveram de ficar distantes das salas de aula.
Relegada ao segundo plano, a educação brasileira agoniza.
É inegável a necessidade de cumprimento de medidas e protocolos rigorosos para evitar infecções. Ainda mais importante é a preservação da saúde de alunos e de professores.
Quando a bandeira preta foi imposta no modelo de distanciamento controlado do Rio Grande do Sul, frustrou-se a retomada das aulas presenciais depois de quase um ano. O governo gaúcho ainda tentou preservar da interrupção a educação infantil e as séries iniciais. Contudo, uma decisão da Justiça, a pedido de uma associação de pais e do Cpers, vetou também essas faixas de ensino, determinação mantida mais tarde pelo Tribunal de Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal.
Pois bem, agora a realidade está mudando também para setores considerados não essenciais. E a educação ficou presa num limbo jurídico que impede a retomada de qualquer atividade presencial.
Representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer, ao avaliar o impacto da pandemia na educação, afirmou que "as escolas deveriam ser as últimas a fechar (no pior da pandemia) e as primeiras a abrir".
O governo do Estado, que há ano toma decisões baseado em análise de um comitê de crise, está impedido de implementar uma política pública que considera essencial e que prevê o respeito aos protocolos de segurança sanitária. Ao mesmo tempo, o desarranjo da educação é um desafio para todos os gestores, de alto a baixo.
A começar pelo Ministério da Educação, que fez pouco ou quase nada para coordenar nacionalmente um plano de recuperação do tempo perdido. Como trazer de voltar aqueles que se desligaram das escolas? Qual será o futuro de uma geração de milhões de jovens que não vão concluir adequadamente as etapas de ensino? Como será a alfabetização de crianças e adolescentes na volta às escolas? Em resumo, como recuperar o tempo e o conteúdo perdidos?
Educadores em todo o país se debatem para tentar responder a essas perguntas. E não é no Ministério da Educação, a autoridade máxima na área, que se encontra um farol. Aliás, do MEC, de atuação opaca, poucos se lembram do nome do ministro.