O Brasil acaba de nos dar mais uma demonstração de desprezo pela educação. Ao vetar o projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados que previa banda larga e tablets para Estados e municípios equiparem escolas públicas, o governo federal o fez alegando falta de dinheiro. Escrevem isso sem corar.
O governo alega que não tem R$ 3,5 bilhões no mesmo momento em que concorda com aporte de R$ 26 bilhões para emendas parlamentares. Notem: não são "apenas" R$ 26 bilhões, são R$ 26 bilhões a mais. Ou seja, para emendas parlamentares, os 513 deputados terão na mão R$ 48 bilhões neste ano.
Sem rede e sem equipamentos, como deverá ser a preparação do aluno para ser o profissional do futuro?
A proposta da banda larga e dos tablets é bom projeto: tem mérito, necessidade de execução e deveria ser prioridade. Não se trata de matéria da oposição para constranger o governo a dizer que não tem dinheiro. Ter, tem, basta dar prioridade.
O projeto foi elaborado depois de uma série de debates, com situação e oposição, e alinhado com premissas básicas de desenvolvimento da educação.
A pandemia acentuou a necessidade de se pensar a escola do presente, mirando o futuro. A reabertura dos colégios não será uma simples reabertura. Precisa ser em modelo híbrido, escalonado, ainda com alunos intercalados entre o presencial e o remoto.
Como será o aprendizado na escola pública brasileira, onde estão 18 milhões de estudantes? Como criar atrativo para tentar trazer de volta os 5 milhões de jovens que deixaram a escola em um ano de pandemia?
O veto ao projeto significa que o Brasil não está preocupado com isso e ergueu mais um monumento à incapacidade de educar bem os estudantes mais vulneráveis.