Vai tarde o general Eduardo Pazuello. O terceiro ministro da Saúde na pandemia e deste governo não conseguiu organizar o país para enfrentar a crise de forma adequada.
Pazuello mereceu de todos um voto de confiança quando assumiu a missão de conduzir a saúde em meio ao período mais grave da nossa história. Em poucas semanas, contudo, se viu que ele não conseguiria.
Foi incapaz de coordenar com os Estados um plano de combate ao coronavírus, de agilizar com várias farmacêuticas a compra da vacina e de dar resposta rápida à explosão de casos em Manaus, que resultou na nova variante. Pazuello também apostou no tratamento precoce, quando vários estudos já mostravam não haver comprovação de eficácia.
Foi um ministro discreto, quase apagado, quando a gravidade da pandemia exigia esclarecimentos e explicações diárias para o país. É verdade que o chefe não ajudou.
No dia 20 de outubro, por exemplo, Pazuello reuniu os governadores e anunciou que compraria mais de 40 milhões de doses da CoronaVac. No dia seguinte, com o país vivendo uma onda de esperança para a imunização, o presidente Jair Bolsonaro enterrou os planos, dizendo que não compraria vacina da China — desautorizou o ministro e jogou sobre o país uma nuvem de dúvida sobre o futuro da vacinação.
Enquanto o presidente fazia propaganda do tratamento precoce, o ministro dizia amém, ignorando a realidade defendida até por técnicos do ministério.
Por isso, se houver a troca, quem ocupar a pasta precisa ter autonomia. De nada adianta trocar o ministro se o presidente continuar impondo barreiras à vacinação, estimulando aglomerações e defendendo tratamentos sem comprovação.
O país precisa de um ministro conectado com realidade, com capacidade de organização de crise, com poder para tomar decisões. Em resumo, que possa trabalhar.