A clara disputa por protagonismo político na busca pela vacina contra o coronavírus vai para a história como um dos episódios mais tristes do país, hoje mergulhado numa campanha antecipada que só deveria ocorrer em 2022.
Enquanto o Brasil caminha consolidar um quadro de recuperação do pior da pandemia, mas ainda sob a perspectiva de uma eventual segunda onda, nossas autoridades deveriam estar preocupadas, sim, com uma vacina, seja qual for — lembrando que a nacionalidade, excluindo-se a Rússia, faz pouca diferença na medida que insumos são produzidos, na maioria, em países como China e Índia.
A vacina precisa passar por todos as fases dos testes clínicos, devidamente verificados e com a chancela das autoridades sanitárias, no nosso caso a Anvisa. Mas estão lá, o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Dória, numa disputa por holofotes, quando na de verdade, pelo bem de todos, deveriam estar unidos pelo mesmo fim, suplantando momentaneamente qualquer diferença política.
Que falta faz um ministro da Saúde com autoridade necessária para colocar ordem nas coisas. Agora seria a hora de o ministro da Saúde, com a autoridade que lhe é conferida, vir a público esclarecer a população sobre o andamento da vacina.
Desde que comunicou que estava em tratativa para a compra da CoronaVac, acertou isso com os governadores e foi contrariado pelo presidente Bolsonaro, Eduardo Pazuello saiu de cena. Por causa do ambiente político, falta hoje ao país a referência de um ministro da Saúde.
E justo em meio à pandemia.