No Pará, um dos poucos Estados a ter lockdown no Brasil e com mais de 6,6 mil mortos por coronavírus, a imagem de um mar de clientes se espremendo tipo sardinha para conhecer a nova loja da rede Havan tomaram conta do noticiário no fim de semana.
Pessoas sem máscara, idosos, homens, mulheres e crianças se afunilando na porta na inauguração da Havan obrigaram o governador Helder Barbalho a determinar a interdição do estabelecimento. O registro é, de fato, chocante em meio a um momento ainda de extremo cuidado necessário para evitar a aceleração dos casos.
As imagens sugerem que a Havan adotou o mesmo protocolo de entrada e organização de lotação adotado antes da pandemia, ou seja, quanto mais gente, melhor, mandando para o espaço o distanciamento entre clientes.
É verdade que a Havan não está nem aí para as regras sanitárias. Mas isso já sabemos desde o início da pandemia. Por isso, o que aconteceu no Pará diz mais sobre o comportamento da população de Belém do que sobre o que pensa o dono da Havan.
O que leva tanta gente se colocar numa posição de risco de infecção para comprar uma toalha ou um jogo de lençol mais barato? Qual é a motivação para se misturar a milhares de outros clientes, desconhecidos, sob o alto risco de contaminação por uma doença que pode matar e provocou até a súbita lotação de cemitérios na capital, Belém?
Não é a falta de informação sobre os riscos do coronavírus. É compreensível a saturação pela pandemia, a necessidade de ficar distante e a privação do convívio próximo com outras pessoas. Mas a horda que inundou a Havan é sinônimo do desprezo aos conceitos básicos que regem uma sociedade organizada: civilidade, respeito e altruísmo.
É a mesma explicação para outro fenômeno, menos explícito, para as festas clandestinas com grande concentração de pessoas aqui no Rio Grande do Sul. É desta forma que a estratégias de superação desta doença são sabotadas.