Que o presidente Jair Bolsonaro tinha se movimentado politicamente para acabar com a Lava-Jato, todos nós sabíamos. Nem o mais ferrenho bolsonarista pode negar isso. Começou ainda no ano passado, ao tirar os poderes do COAF, um braço importante para controlar a atividade financeira de investigados. Depois, mexeu mundo e fundos para trocar o comando da Polícia Federal. Acossou Sergio Moro, que pediu para sair. Escolheu Augusto Aras, crítico da Lava-Jato para procurador Geral da República, que operou discreta e não tão discretamente para desmanchar a força-tarefa em Curitiba.
A declaração de Bolsonaro é a confirmação de forma pública disso tudo, uma fala que entra para a história: "Eu acabei com a Lava-Jato", algo impensável antes da eleição. Basta assistir aos vídeos da campanha em que Bolsonaro fala sobra a operação. O presidente nunca disse que, se não houvesse corrupção no seu governo terminaria com a operação. Ela é, ou melhor foi, um sistema importante para investigar corrupção inclusive por parte de parlamentares, empresários. O presidente sacramenta o fim da Lava-Jato justamente no momento que sela o casamento com o Centrão, do PP um dos partidos com o maior número de parlamentares implicados nos escândalos.