Logo após a publicação da coluna Porto Alegre está pior do que em 2016, fui procurado pelo prefeito Nelson Marchezan, que respondeu à crítica que fiz sobre a situação da Capital e sobre a gestão da prefeitura de Porto Alegre.
Veja a íntegra da mensagem que recebi como resposta:
"Caro Scola!
Pessoalmente considero teu texto mais justo comigo do que as tuas manifestações na Rádio Gaúcha (até porque aqui posso ter a chance de responder). Porto Alegre está mal. Está piorando. E faz anos. Tenho algumas considerações a fazer sobre isso.
Uma consideração óbvia é que se a cidade estivesse bem eu provavelmente não teria ganho a eleição em 2016.
Outra constatação do teu texto é que questões simples não estão sendo realizadas a contento. Realmente, e infelizmente, é verdade. Assim como é verdade que, mesmo diante do caos financeiro, criamos quase mil novas vagas na educação infantil, ampliamos em 30% o tempo do professor com o aluno em sala de aula com a nova rotina escolar e abrimos duas unidades de saúde até as 22h, com mais de 20 mil consultas no horário estendido.
Mas se a análise ficar nessa superficialidade, não teremos mudanças. Seria um papel importante da imprensa não ser superficial, pois o buraco na rua está visível a todos, é histórico, não precisa de aplicativo para mostrar. É a vida real da cidade. O que é diferente, o que faz a mudança nessa realidade, o que transforma o buraco e a vida das pessoas, é a mudança na destinação do dinheiro público. Nada é mais importante que isso. Em nenhum lugar do mundo. Não há dinheiro para “o simples corte do vegetal”, nem para tapar o buraco, nem para alocar os moradores de rua, porque até para pagar a merenda das creches em dia tem faltado recursos.
E essa estrutura de receitas e despesas foi construída por leis, e não foi nesse governo.
Só há solução real com a redistribuição do dinheiro público. Se prefeitos, governadores e presidentes tivessem pensado como secretários da Fazenda (conforme a tua crítica a mim), o setor público não estaria como está, em quase todo o Brasil: quebrado. Percebes isso? As finanças, o dinheiro público que deveria ser contribuição justa dos que podem e distribuição, também justa, para atender a todos, principalmente aos mais pobres, é nesse momento a minha pauta principal, pois tenho a convicção de que só isso salva Porto Alegre. E basta olhar para outras cidades para perceber que isso é evidente. Nada é mais importante nesse momento, para de verdade criar um novo presente e um novo futuro, do que enfrentar a falência da prefeitura. Nós estamos enfrentando, e encaminhamos para a Câmara de Vereadores as reformas estruturais que a cidade precisa (únicas que funcionaram em todos os órgãos públicos, nos privados, e na casa de qualquer cidadão).
Eu gostaria muito de ter a capacidade de sensibilizar os vereadores, a imprensa e a sociedade, dos assuntos que realmente podem fazer os próximos anos serem melhores que 2016, que todos anteriores. Podes ajudar?"