A principal mensagem da comunidade do Rio Grande do Sul é a solidariedade. Diante da maior tragédia da nossa terra, os gaúchos estão dando uma aula de vida para todos. São muitos espaços recebendo doações, e colaboradores não param de se oferecer para melhorar, um pouco, a dor dos seus conterrâneos.
Um dos espaços que abriu as portas para receber doações foi o velho Estádio Olímpico, no Bairro Azenha. Na tarde de segunda-feira (6), eu tive a oportunidade de acompanhar o trabalho dos voluntários que, a todo o momento, recebiam as doações que chegavam de todas as maneiras.
Aos poucos, uma cena ganhou a minha intenção. Em uma sala acanhada, um grupo de profissionais do Grêmio, munidos de um computador e alguns telefones, faziam contato com os jovens atletas da base que estavam ilhados no CT do clube, em Eldorado, um dos pontos mais atingidos pela enchente que atingiu o Estado.
Os mais de 80 atletas, entre 15 e 20 anos, começaram a chegar ao velho estádio e ali, emocionados, voltavam a se sentir seguros. O apoio destes anônimos profissionais no salvamento dos meninos, seguidos de alguns encontros de familiares aflitos como os seus filhos, foi de pura emoção. E tudo isso sobre o olhar do velho estádio, que por tanto tempo recebeu jovens que queriam fazer a vida jogando futebol.
A ação entrou a noite e ninguém arredou o pé até que todos estivessem seguros. O Grêmio vive por isso. Em campo ou não, os princípios de solidariedade e companheirismo brilham na nossa origem e aqueles profissionais têm isso no sangue. Eu saí dali orgulhoso de ter visto isso. E, claro, ver o Olímpico sendo útil novamente teve um sentimento muito especial também.