Eu queria ressarcir o taxista gremista que me deu 102 reais quando lhe paguei com uma nota de cem reais uma corrida de 36 reais.
Escrevi na minha coluna de ontem que eu devia 66 reais a ele. Ou seja, eu errei novamente o troco para um troco errado. O correto é 38 reais.
Com imensa alegria, tive mais uma demonstração do quanto a nossa página é lida. Nossos leitores, antes das 8h, avisaram-me do engano. Foram dezenas de e-mails ao longo do dia. Eu me senti carinhosamente cuidado.
Meu lapso pode ser classificado sem dó nem piedade como burrice. Já que, na pressa, eu subtraí os 36 reais referentes à corrida dos 102 reais recebidos, o que resultou naquele número de besta.
Mas a situação só reforçou o que eu disse: o desespero do futebol apenas tem nos proporcionado prejuízos.
Estamos sequelados. Fantasiamos nossas esperanças em cima da precária realidade.
Nossa tabuada tem sido empregada exclusivamente na tabela do Brasileirão: quantos pontos para o título, no caso do Grêmio, e quantos pontos para escapar da degola, no caso do Inter. Sendo que, para ambos, há a compensação da vaga direta para a Libertadores (Grêmio) e para a Sul-Americana (Inter).
Eu acredito que o Z4 ficará nos 44 pontos, não nos 45 pontos como se previa, numa disputa acirrada entre Bahia e Cruzeiro. América-MG e Coritiba estão na Série B, Goiás deve ser o terceiro integrante e o último posto será decidido entre os dois. Parece que Vasco e Santos conseguiram sobrevoar o caos.
Dessa forma, vejo que Inter precisaria de apenas dois empates nas próximas quatro rodadas. Mas o risco é restar-lhe uma das duas vagas mortas que não habilitam o clube para nenhuma competição.
O rival do Grêmio é o Palmeiras, que depende só de si mesmo e deve ficar com a faixa que foi esnobada pelo Botafogo. Não duvido que gabarite as quatro partidas a fazer. Abel Ferreira é um perfeccionista chato, não costuma tremer nas decisões.
O futebol vem sendo um ingrediente a mais de nervosismo e loucura no final do ano. Nunca um Brasileirão teve tantos candidatos ao título na reta final e tantos candidatos ao rebaixamento.
Eu deixo de sofrer como colorado — nove vezes vice no Campeonato Brasileiro (campeão do vice!) e amargando uma abstinência de 44 anos — quando penso na desilusão do torcedor botafoguense.
Depois de possuir 13 pontos de vantagem para o segundo colocado, o alvinegro desistiu do título. É a maior entregada da história. Não será agora que o zagueiro Cuesta, xerife conhecido aqui pelo tempo do Beira-Rio, levantará a taça.
É azar ou burrice. Não sei. De repente, o torneio poderá ser ainda mais surpreendente e ter o próprio Botafogo como campeão, numa nova reviravolta, em seu percurso acidentado de azarão a favorito e de favorito a azarão.
Que o taxista e eu sejamos perdoados pelo troco errado. Os profetas não são bons em matemática.