Recentemente escrevi aqui sobre o brilho brasileiro no Mundial de Natação paralímpica, dando ênfase aos desempenhos das extraordinárias Carol Santiago e Susana Schnarndorf, atletas do Grêmio Náutico União e da Associação Esporte+.
Elas não são extraordinárias por serem atletas apenas. Elas são exemplos de que não podemos ter limites, barreiras, que são impostos pela sociedade e seu senso comum, muitas vezes cruel e que tende a querer ter "dó" de uma pessoa com alguma deficiência, seja ela física ou intelectual.
Viver é o dom maior que temos e claro que a saúde faz parte desse processo diário. E o esporte pode muitas vezes nos transformar em lutadores, em pessoas que sempre têm um objetivo. No esporte, se convive mais com a derrota do que com a vitória e não podemos achar que apenas os campeões, os medalhistas, são os vencedores.
E é assim que pensa o personagem que quero apresentar a vocês. Trata-se de um octogenário britânico que participou dos Jogos Olímpicos de Munique em 1972, que até hoje são lembrados pelo atentado terrorista do Grupo Setembro Negro ao alojamento dos atletas de Israel que deixou 11 mortos da delegação israelense.
O nome em questão é John Goodwill, que em Munique participou foi atleta olímpico da canoagem. Na prova de slalom da canoa canadense para dois, Jon não conseguiu finalizar a disputa ao lado de John Court, o que poderia ser um resultado decepcionante para um medalhista de bronze do Mundial de 1966.
Mas Goodwill não se abateu e mesmo depois de deixar o esporte de alto rendimento seguiu com sua paixão. E sequer o diagnóstico de Parkinson, recebido em 2014, o impediu de algo.
Pelo contrário. Com esse espírito de não ter obstáculos e barreiras, aos 80 anos, ele embarcou neste 10 de agosto na VSS Unity, nave que foi lançada da base da Virgin Galactic, no Novo México, naquela que foi a “primeira missão espacial privada”. Ao lado de outras duas civis e de dois pilotos e um astronauta, eles fizeram uma viagem suborbital.
Afinal, o próprio John Goodwin definiu recentemente o que os possíveis limites do Parkinson poderiam representar à sua vida.
— Quando fui diagnosticado com Parkinson em 2014, estava determinado a não deixar que isso me impedisse de viver a vida ao máximo — declarou.
O exemplo de Goodwin em seguir determinado é fundamental. Afinal, somos nós que devemos estabelecer nossos limites.