As recentes operações da polícia francesa em locais vinculados aos Jogos Olímpicos de Paris em 2024 reacenderam uma preocupação na comunidade esportiva. Como evitar atos ilícitos? A resposta pode levar a diversos ensaios e chegar à utopia, já que para isso seria necessário que no mundo não houvesse pessoa (s) com tendência à ilicitude.
Mas os franceses não estão sozinhos nessa. Recentemente, empresários japoneses foram condenados por subornarem o dirigente olímpico Haruyuki Takahashi. Sim, até no Japão tem corrupção.
Os Jogos que antecederam Tóquio 2020, realizados em 2021 por conta da pandemia, foram aqui no Brasil. Bom, nem é preciso dizer o que aconteceu se até o todo poderoso presidente do Comitê Olímpico do Brasil e do Comitê Organizador dos Jogos, Carlos Arthur Nuzman, acabou sendo preso, assim como outros dirigentes.
Mas em Londres 2012, também foram registrados escândalos. Seja na venda de ingressos pro parte de dirigentes ou até mesmo na compra de votos para a escolha da capital inglesa como sede. Ainda em 2004, antes da eleição por parte do Comitê Olímpico Internacional (COI), uma reportagem exibida no programa "Panorama", da BBC, que foi chamada de "Comprando os Jogos", mostrou repórteres da rede de TV britânica, que se passaram por empresários interessados em apoiar a candidatura londrina e conseguiram a ajuda do presidente do Comitê Olímpico Búlgaro, Ivan Slavkov, que prometeu conseguir os votos. Cada voto seria vendido por 200 mil, além dos gastos com viagens.
Um dos estopins dessas histórias de corrupção aconteceu ainda em 1998, quando explodiu um escândalo sem precedentes, que fez o COI mudar a forma de escolher suas sedes. À época as denúncias envolviam a eleição da cidade americana de Salt Lake City como sede dos Jogos de Inverno de 2002. Dirigentes locais renunciaram, a justiça dos Estados Unidos fez acusações e denúncias de suborno e fraude contra 15 pessoas, além de alguns dirigentes do COI terem sido expulsos.
Mas o que leva a isso? Claro, que além da índole dos envolvidos também está uma grande rede que parece ser intransponível, por mais que se lute contra. E essa cadeia (não aquela onde todos devem estar nesses casos) é histórica. Para se ter ideia, o já falecido brasileiro João Havelange, que presidiu a Fifa por muitos anos, foi membro do COI de 1963 até renunciar em dezembro de 2011. E no momento de sua renúncia, esse simples fato de se afastar do cargo de dirigente do comitê executivo fez com que as investigações parassem no âmbito da entidade internacional, de acordo com suas regras. Ele era investigado por corrupção na Fifa, que envolvia a extinta empresa ISL, que vendia os direitos de transmissão dos eventos de futebol.
Vale lembrar, que Havelange fez parte ativa na escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e que foi alvo de denúncias de compra de votos, que envolvia outra gama de dirigentes. Combater é a forma, mas fugir desses escândalos é quase inevitável. E se há algo a saudar nisso é exatamente o fato de que as agências responsáveis por investigar seguem ativas mundo afora.
E é aqui que acredito entrar o papel da imprensa. Mesmo que desagrade muitos é necessário que o jornalismo siga sendo combativo e mostre estes megaesquemas de corrupção, denuncie casos de doping, manipulação de resultados e tantos outros males que estão enraizados na sociedade mundial, até porque ao contrário do que muitos imaginam, o esporte não é o famoso "pão e circo", mas sim um reflexo do nosso dia a dia. A luta é eterna, mas não pode ser abandonada, afinal todos estes casos citados só vieram à tona, após denúncias de repórteres investigativos.