Apesar de todos os bilhões que movimenta, o futebol brasileiro engatinha em termos organizacionais. Clubes não se entendem, a CBF é uma entidade que perde crédito e o reflexo são times sem poder de competição quando deixam a América do Sul, algo que também experimentamos com a Seleção Brasileira nas últimas Copas, quando sempre fomos eliminados pelos europeus.
Mas, apesar disso, seguimos revelando jogadores. Em contrapartida, perdemos torcedores e as últimas pesquisas indicam isso, já que apontam para um envelhecimento dos fãs de futebol em terras tupiniquins e o crescimento, entre os mais jovens, da simpatia por clubes que só vemos pela televisão.
Sei que vivemos em um país onde o futebol ainda é, disparado, o esporte que monopoliza as atenções. Mas é inegável o crescimento de outras modalidades.
Um estudo apresentado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) aponta que a Olimpíada de Tóquio teve os maiores índices de audiência na televisão brasileira. O sucesso de Rebeca Andrade, Rayssa Leal, Italo Ferreira e Isaquias Queiroz manteve, durante as madrugadas no Brasil, mais de 2 milhões de lares acordados e ligados no que vinha direto do Japão.
E aqui entra um aprendizado. O esporte olímpico tem formado cada vez mais atletas que sabem se portar como verdadeiros ídolos, algo raro em nossos futebolistas dos dias atuais. Tudo isso passa por cursos que eles necessitam fazer antes de viajar para representar o país, uma preocupação do COB.
Sem falar em questões de organização. Se a CBF se tornou uma máquina de fazer dinheiro, que leva a nossa Seleção para jogos em países pouco aceitáveis, como o Gabão que vive uma ditadura, o COB tem se tornado exemplo para outras associações nacionais de mesmo porte e soube sair da crise gerada pós-Rio 2016, quando o então presidente Carlos Arthur Nuzman e outros dirigentes foram presos.
Quando se esperava uma queda por conta dos problemas de gestão, o que se viu em Tóquio e ainda se percebe é exatamente o contrário. O esporte olímpico tem crescido e segue formando ídolos, como Alison dos Santos, Ana Marcela Cunha e Mayra Aguiar e firmando nomes como Marcus D'Almeida e Guilherme Costa, atletas formados em uma estrutura que é fomentada por quem está no topo da pirâmide.