O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, decretou nesta segunda-feira (9) a prisão preventiva de Carlos Arthur Nuzman. Ele aceitou o pedido feito pela manhã pelo Ministério Público Federal do Rio. O cartola estava detido de forma temporária por cinco dias, por suspeita de participação no esquema de compra de votos para a eleição do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do ano passado.
Bretas decidiu também manter preso Leonardo Gryner, ex-diretor do COB e do Comitê Rio-2016 e braço direito de Nuzman, por mais cinco dias.
— Decreto a prisão preventiva de Carlos Arthur Nuzman, e assim o faço para garantia da ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal, com fundamento nos artigos 312, caput e 313, I, ambos do CPP; e determino a prorrogação da prisão temporária de Leonardo Gryner, na forma do artigo 2º da Lei 7.960/89 — determinou Bretas.
Na mesma decisão, Bretas acolheu pedido do MPF e mandou o COB e o Comitê Rio-2016 entregarem os e-mails da secretária de Nuzman, Maria Celeste de Lourdes Campos Pedros, em 24 horas. Os investigadores miram as mensagens trocadas por ela com Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack, ex-presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf). As mensagens continham conteúdo identificado como cobranças por pagamento de propina.
De acordo com o pedido do MPF, caso Nuzman respondesse às acuações em liberdade, não existiria garantia de que o cartola não interferiria na produção de provas.
— A diligência em questão pode ser evidentemente prejudicada pelo acesso ao referido cofre e movimentação dos bens lá armazenados — diz o texto.
Outro fato que levou à ação da procuradoria foi o recente pedido de cooperação internacional com a Suíça, a fim de identificar o patrimônio ocultado por Nuzman em um cofre em Genebra, capital suíça. Nesta segunda-feira, a polícia da cidade suíça localizou o objeto onde está uma quantidade de ouro ocultado pelo ex-presidente do COB.
O documento também explicita que Nuzman tentou utilizar dinheiro do Comitê Rio-2016, do qual também era presidente e se afastou, para pagar o escritório de seu advogado, Nélio Machado. Em e-mail enviado após ter sido levado para prestar depoimento, o presidente alegou que a Diretoria Estatutária do Comitê aprovou o contrato com o escritório de advocacia no valor de R$ 5,5 milhões. A deliberação, no entanto, ocorreria dois dias depois.
O Rio-2016 afirmou que a nota fiscal do pagamento dos honorários foi cancelada e que o serviço não chegou a ser pago.
Segundo o pedido dos procuradores, o documento prova que Carlos Arthur Nuzman "continua a atuar em benefício próprio, usando os instrumentos do Comitê Olímpico Brasileiro, bem como sua influência sobre as pessoas que lá trabalham".