Os produtores rurais atingidos pela crise financeira da cooperativa Languiru, concentrados no Vale do Taquari, investem na busca de alternativas para encontrar novas fontes de renda e conseguir preservar suas propriedades. Parte dos criadores de aves e suínos - atividades mais afetadas pela reestruturação da empresa, que fechou o frigorífico de suínos e reduziu o abate de frangos - busca novos parceiros comerciais e, no caso dos criadores de porcos, se articulou para dar origem a uma nova cooperativa.
Os integrantes da nova organização já realizam encontros e se encontram com prefeitos da região, como o de Teutônia, Celso Forneck. Procurados por GZH, representantes da cooperativa disseram que não se manifestariam oficialmente no momento em razão de ainda estarem se organizando. Uma das produtoras que perdeu o contrato com a Languiru e aposta na nova cooperativa, Anieli Wasem Gomes, de Poço das Antas, afirma que ainda não existe uma definição de quando e como vai retomar a produção de suínos sob novo formato.
Como seu chiqueiro tem capacidade para 600 animais, e as grandes empresas costumam dar preferência para quem consegue alojar pelo menos mil por razões que envolvem escala de produtividade, a associação com outros criadores de menor porte passou a ser uma saída.
— A nova cooperativa é uma forma de tentar se manter produzindo, mas ainda não tem muitos detalhes — afirma Anieli.
Outros proprietários de fazendas da região, com alta capacidade de alojamento e investimentos recentes, conseguem firmar acordos mais facilmente com outras empresas como JBS, BRF ou Vibra. Moradores de Westfália, Vanduir Horst, 43 anos, e Delcio Landmeier, 69, já negociaram o passe com uma nova empresa para destinar os lotes de 25 mil frangos que abrigam em sua propriedade. A última leva de animais da Languiru já foi levada e, no momento, o aviário segue vazio.
— As últimas aves saíram duas semanas atrás, mas não desenvolveram como deveriam por conta da má qualidade da ração. Agora esperamos começar com a nova empresa, mas ainda não sabemos quando chegarão os novos animais — revela Horst, que ainda aguardava o pagamento dos dois últimos lotes encaminhados para o frigorífico da Languiru.
A dupla de criadores tinha R$ 18 mil a receber de uma leva anterior, já em atraso, e R$ 7 mil de uma segunda remessa. No segundo caso, conforme Horst, o valor é menor porque os frangos não cresceram o suficiente e acabaram conduzidos para abate sanitário (sem destinação para o consumo humano).
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cruzeiro do Sul e coordenador regional da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag/RS), Marcos Antônio Hinrichsen confirma que parte dos produtores atingidos pela crise da Languiru estão em processo de migração para outras empresas integradoras. Mas ressalta que, até o momento, essa não é uma solução definitiva para todos.
— Como o setor de proteína passa por um período de alguma dificuldade, outras empresas também estão cautelosas em assumir mais integrados (criadores). Elas fazem uma avaliação criteriosa para absorver novos produtores — observa Hinrichsen.