A CowMed, startup que monitora o comportamento do gado leiteiro, despontou para o mercado em 2015, após conversa informal por telefone entre um dos poucos clientes à época — um produtor uruguaio — e o sócio fundador Leonardo Martins, 33 anos. Ele analisava o gado do cliente remotamente para fazer ajustes no seu sistema, quando percebeu que um animal estava ruminando abaixo do ideal. Em uma atitude incomum, telefonou para avisá-lo que a vaca poderia estar doente. Diante do alerta, o criador chamou um técnico para examinar o rebanho e constatou a doença. Dias depois, Martins foi até o Uruguai visitá-lo e ouviu uma confissão que mudou o destino da empresa.
— Estavam rindo do produtor no Uruguai. Perguntavam como alguém aqui no Brasil tinha percebido a doença antes dele, que via a vaca todo dia – contou o engenheiro eletricista formado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Foi o suficiente para que ele decidisse aprimorar o produto. Até então, a empresa se chamava Chip Inside e vendia coleiras, antenas e software. A partir de então, as coleiras passaram a ser alugadas. Mas essa não foi a principal mudança. A empresa passou a treinar remotamente seus clientes e implantou o Intérprete Virtual de Vacas, programa que informa se o animal está doente, muito tempo parado ou agitado demais. Tudo chega ao produtor pelo celular.
— A CowMed conta os passos, o tempo parado e o quanto o animal está ruminando. Com essas informações, sabemos se está no cio, agitada, ociosa, doente e se aprovou a dieta alimentar. Costumamos dizer que a gente traduz o que a vaca sente, se gosta da comida, se está doente. É como se fosse um plano de saúde da vaca — explica.
Com sede no polo de tecnologia da UFSM e com dois escritórios, no Paraná e em Minas Gerais, a CowMed atende animais de 11 Estados e deve chegar a países como Bolívia, Argentina e Estados Unidos até o fim de 2019. São seis sócios e 24 funcionários atualmente. Nos últimos dois anos, a empresa recebeu aporte de R$ 4 milhões de um fundo de investimento cujo maior cotista é o BNDES. Em 2015, 220 cabeças eram monitoradas. Em 2017, passaram a ser 998. Hoje, a quantidade de animais utilizando coleiras passa de 15 mil.
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