Três horas depois de a terceira fase da Operação Carne Fraca ter sido deflagrada em cinco Estados brasileiros, incluindo o Rio Grande do Sul, a cerimônia de abertura da Expodireto-Cotrijal reunia dezenas de representantes do agronegócio. Embora não tenha sido mencionada durante os discursos, a nova investigação envolvendo uma das maiores empresas do setor repercutia nas conversas paralelas.
Presente na feira, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, logo foi cercado por jornalistas para avaliar os impactos da investigação que envolve a líder no mercado brasileiro de aves e suínos - que exporta para mais de 160 países.
— O efeito final deve ser menor agora (em relação à primeira operação), quando 74 países abandonaram o Brasil temporariamente por acharem que tudo que é produzido aqui era ruim. Na época, explicamos aos compradores o que estava acontecendo, muitos já saberão que essa investigação é uma continuidade — disse.
O grande risco, segundo o dirigente, é a generalização:
— É importante que se busque a correção, a punição de quem mereça, mas sem generalização de um setor tão importante para a economia brasileira.
Para o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, o que aconteceu no ano passado foi uma tragédia para a economia do país, algo descoordenado até o momento de sua divulgação:
— A diferença é que agora houve um trabalho conjunto, entre o Ministério da Agricultura e a Polícia Federal.
Sobre o novo escândalo envolvendo o setor de carnes, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha disse que o problema precisa ser enfrentando do ponto de vista legal, com "o cuidado de não se deixar levar por manchetes":
— É muito prematuro ainda dar alguma opinião sobre o mérito. O que precisa ser feito é uma análise profunda pelas autoridades que estão investigando.