Ampliar a integração entre a produção agropecuária e outros setores da economia
Para o coordenador de Programas e Projetos de Biotecnologia e Agropecuária do Ministério da Ciência e Tecnologia, Thiago de Mello Moraes, é necessário que o governo incentive as pesquisas para desenvolver e validar tecnologias que otimizem o uso de insumos, a automação de sistemas de produção e a redução de perdas. Também é importante promover iniciativas que diminuam os impactos ambientais e sociais ao longo da cadeia produtiva.
- Há necessidade de uma visão multidisciplinar e bastante ampla, envolvendo áreas de conhecimento e parcerias pouco comuns no meio agrícola até então - avalia Moraes.
Estimular pesquisas que fomentem o intercâmbio
Viabilizar o intercâmbio entre o agronegócio e outras áreas passa por investimento em ações multidisciplinares nos centros de pesquisa. Um exemplo é o Centro Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo a doutora em Agronegócio Daniela Callegaro, reunir professores de diferentes áreas - Administração, Agronomia, Zootecnia, Economia, Veterinária, Contábeis e Direito - pode ajudar. Para a agrônoma Gabriela Ferreira, diretora de Inovação da PUCRS, a interdisciplinaridade é fundamental.
- O caminho é pensar de forma integrada.
Ampliar verba para projetos de fomento a novos usos dos produtos agrícolas
Para o agrônomo Kepler Euclides Filho, chefe do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, o caminho é promover maior mobilização dos agentes que produzem tecnologia nos mais diversos segmentos para buscar recursos, entre eles as empresas.
- É difícil encontrar parceiros. Há uma participação muito pequena da iniciativa privada na pesquisa - lamenta Euclides Filho sobre a falta de investimento de recursos nos mais diferentes segmentos produtivos.
Fomentar ações de governo que permitam outros usos para itens que vêm do campo
O secretário da Agricultura, Ernani Polo, destaca que a Secretaria está incetivando atividades com potencial de expansão no Estado, como a olivicultura e a produção de noz pecã. Nos dois casos, explica Polo, há possibilidade de integração com a ovinocultura, viabilizando a diversificação dos cultivos e da renda.
Buscar novos mercados no Brasil e fora dele para artigos que possam ser usados para outros fins
Para o professor Osmar Souza, do Programa de Pós-Graduação em Economia da Escola de Negócios da PUCRS, a solução passa por estímulo à presença de produtos agropecuários em feiras no país e Exterior para melhor aproveitar a rede de cooperativas e agroindústrias e alavancar o acesso a novos mercados. Também é preciso fortalecer a identidade do produto gaúcho.
- Há um crescente reconhecimento dos produtos identificados com a sustentabilidade, com a agricultura familiar e com as regiões de origem.
Mostrar aos agricultores familiares a possibilidade de novos usos para velhos produtos
Considerando a produção em pequena escala, o desafio de novos usos é maior. Segundo o diretor técnico da Emater, Lino Moura, a organização dos agricultores familiares é fundamental para garantir a oferta contínua ao mercado.
- O produtor, sozinho, não consegue entregar em larga escala, nem ter regularidade. Neste caso, entra a cooperação, não necessariamente formal, para enfrentar os problemas de logística e conseguir um bom preço - avalia Moura.
Para o técnico, informação, pesquisa e políticas públicas são imprescindíveis para avançar.