Produzir mais e melhor não é exclusividade de quem tem em mãos tecnologia de ponta. Muitas vezes, basta usar a criatividade na hora de enfrentar os desafios que aparecem a todo momento para quem vive no campo. Foi o que fez o agricultor Ênio Nilo Schiavon, de Pelotas, quando deu início a uma verdadeira oficina de inventos. O movimento é o que os teóricos chamam de inovação social, conceito que consiste em romper com o modo tradicional de fazer algo, mesmo que localmente.
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Schiavon criou um debulhador de milho, uma máquina que remove os grãos do cacho de uva e uma semeadora de hortaliças. Com estes equipamentos, o produtor conseguiu mecanizar processos e simplificar a rotina na propriedade de 9,8 hectares, onde cultiva pêssego, cítricos e uva, além de grãos e hortaliças. Antes, eram necessárias pelo menos três pessoas para separar 450 quilos de uva por dia. Com o equipamento – recentemente premiado em uma feira em São Paulo –, basta um funcionário para que o mesmo volume seja extraído do cacho, facilitando a produção de suco e vinho na agroindústria.
Venda na entressafra
No caso do milho, a família Schiavon conseguia debulhar 500 espigas por dia, trabalho que agora é feito em apenas uma hora. Mais do que ganhar tempo, a engenhoca garante dinheiro extra, uma vez que permite que o grão seja vendido congelado na feira em época de entressafra.
– Tudo é feito com ferro velho, reaproveitamos produtos que ganham nova vida – ressalta Schiavon, lembrando que a mania começou ainda na infância com a produção dos próprios brinquedos.
Ainda estão em desenvolvimento um descascador de abóbora e uma máquina para limpar o inço do feijão. Apesar do sucesso de suas invenções, ele garante: não tem interesse em patentear nem em fabricar os inventos para venda. Por enquanto, os ganhos ficam mesmo é em casa, com os amigos e na vizinhança.