O encontro com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, dividiu opiniões dos que foram ao guardião da chave do cofre solicitar recursos para a subvenção do seguro rural. Se por um lado há quem acredite que a sinalização dada representa um alento, por outro, o entendimento é de que os produtores ficarão a ver navios.
- Quando o ministro da Fazenda pede para falar com a Casa Civil para remanejo de recursos de outros ministérios, é porque a coisa está feia. Estamos na iminência de enterrar o seguro rural - opina o deputado federal Heitor Schuch (PSB).
É uma referência à proposta de Levy de tentar levantar dinheiro em outras pastas ao menos para garantir a cobertura aos produtores de uva, maçã e frutas com caroço, com prejuízos consolidados na produção na atual safra, a 2015/2016. Na uva, a redução média chega a 50%.
O cálculo estimado é de que, para atender esses três segmentos, seriam necessários entre R$ 55 milhões e R$ 60 milhões.
- A preocupação, neste momento, é com esses produtores que já tiveram perdas. Para o orçamento de 2016, é um outro trabalho - afirma o deputado Luis Carlos Heinze (PP).
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Segundo o parlamentar, R$ 557 milhões foram empenhados para subvenção - incluindo os R$ 300 milhões que ficaram em haver do ano passado e a verba de 2015.
O titular da Fazenda teria se sensibilizado com a situação dos agricultores, relatadas por participantes da reunião, como Ibravin e Comissão Interestadual da Uva. Mas foi claro ao dizer que não existe quantia extra no cofre. E o quadro deve ficar ainda mais crítico porque novo contingenciamento se avizinha na próxima semana.
Vice-coordenador da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin vai relatar aos produtores que não há, por enquanto, nenhum recurso garantido.
Com as parcelas que deveriam ser subsidiadas pelo governo vencendo, a orientação é que os agricultores façam as contas. É que se não pagarem o seguro, não poderão solicitar a indenização.
- Digo para analisarem bem. Se você bateu o carro, vai ter de seguir pagando as parcelas do seguro para que possa ser ressarcido - compara Schiavenin.
Que as finanças públicas estão complicadas, todo mundo sabe. Mas avisar que o dinheiro da subvenção acabou quando a maioria dos contratos de seguro rural haviam sido feitos, foi deixar o produtor em um mato sem cachorro.