Receosos com o possível efeito de recuperações judiciais de empresas de grãos, cerealistas gaúchas resolveram se unir. Em reunião na sexta-feira, em Passo Fundo, empresários, cooperativas e produtores rurais decidiram alinhar ações para evitar que dificuldades financeiras pontuais resultem em perdas maiores ao setor daqui para frente.
A mobilização foi motivada após a surpresa causada no mercado pela indústria de óleos vegetais Giovelli, de Guarani das Missões, no noroeste gaúcho. A empresa, fundada há mais de 50 anos, entrou em recuperação judicial no final de agosto. Na lista de credores, estão cerealistas, cooperativas, trades e produtores rurais. A dívida declarada pela empresa à Justiça soma mais de R$ 400 milhões.
- O fato gerou uma desconfiança geral. Precisamos unir forças para proteger o setor e evitar um efeito cascata - admite o presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Estado (Acergs), Dilermando Rostirolla, que convocou a reunião.
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Uma das alternativas cogitadas pelo movimento, caso a empresa não demonstre capacidade de se recuperar, é atrair um investidor para assumir o negócio e garantir o pagamento dos credores. Pela lei de recuperação judicial, a empresa tem 60 dias para apresentar o plano de recuperação, o qual deve ser submetido à aprovação dos credores. Nesse período, nenhuma execução de cobrança pode ser cumprida.
- Infelizmente, nesses casos, os produtores são os últimos a receber - lamenta Décio Teixeira, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja).
Apesar de constarem cooperativas na lista de credores, o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), Paulo Pires, não acredita em efeito dominó no sistema.
- Existe preocupação, claro, mas não tem nada que comprometa o todo - pondera.