Ao se debruçar sobre dados do setor e criar dois indicadores de inflação do agronegócio- o índice de custos de produção (IICP) e o de preços recebidos (IIPR) -, a assessoria econômica da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) reforça seu argumento em discussão antiga. Até onde vai o impacto do preço ao produtor no valor dos alimentos para o consumidor?
Ao cruzar os dois indicadores e compará-los com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a conclusão do economista-chefe da entidade, Antônio da Luz, é de que "as variações dos preços pagos ao produtor não são determinantes para o valor que o consumidor paga". Ou seja, não são definitivos para a inflação dos alimentos.
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
- Esses índices servem para a sociedade entender que, quando está pagando mais pelo alimento, isso não reflete o preço recebido pelo produtor - afirma o presidente da Farsul, Carlos Sperotto.
O argumento vem dos números. No acumulado de 2014, os preços recebidos pelo produtor acumularam queda de 6,72%. O IPCA Alimentos, no mesmo período, registrou alta de 8,03%. Então, o que está deixando os alimentos mais caros nas gôndolas dos supermercados? Além das questões macroeconômicas, itens como salários, energia elétrica, combustível e carga tributária estão pesando na composição dos preços finais, afirma o economista:
- O estudo reforça que tentar rebaixar o preço de produtos agrícolas para controlar a inflação simplesmente não funciona.
E é aí que entra a história do argumento. Em 2013, com oferta de trigo restrita nos tradicionais parceiros do Mercosul - o Brasil não é autossuficiente -, o governo federal isentou a tarifa externa comum de 10% cobrada para comprar o cereal de países de fora do bloco. A decisão tinha como justificativa a preocupação com a inflação.
Os índices calculados pela Farsul seguem a mesma metodologia do IPCA e terão divulgação mensal.