Animados com a expectativa de colher a maior safra de soja da história, produtores do noroeste gaúcho estão sendo surpreendidos negativamente com rendimentos abaixo do esperado. Com escassez de chuva no final do ciclo de maturação da planta, aliada ao ataque da ferrugem asiática, a produtividade em algumas lavouras na região de Santa Rosa e Ijuí tem ficado ao redor de 40 sacas por hectare - inferior à da safra do ano passado. Antes de colocar as colheitadeiras a campo, os agricultores esperavam no mínimo 60 sacas por hectare.
- Visualmente a soja estava bonita, repleta de vagens. Mas os grãos são de tamanho reduzido, não se formaram por completo - lamenta o agrônomo Luiz Pedro Trevisan, produtor em Santa Rosa.
Com 50 hectares cultivados, dos quais 40 já colhidos, Trevisan alcançou até agora rendimento de 42 sacas por hectare. O cenário não é regra, já que muitos agricultores estão chegando a marca de 70 sacas por hectare. Mas também não é isolado, por isso preocupa.
- O sentimento é de apreensão. Os resultados têm variado muito - confirma Gilberto Bortolini, assistente técnico regional da Emater em Ijuí.
Lavouras do Noroeste, segundo Bortolini, sofreram ataque severo da ferrugem asiática em fevereiro. Agora, em março, foram prejudicadas pela falta de chuva e por doenças de final de ciclo. A ingrata combinação acabou acelerando a maturação da planta, fazendo produtores anteciparem a colheita em até 10 dias. Em torno de 25% da safra de soja já foi colhida no Noroeste.
- Dependemos ainda de chuva nas próximas semanas. Mas já temos dúvidas se iremos atingir a produtividade estimada - completa Bortolini.
Com colheita um pouco mais tarde, a região de Passo Fundo, uma das principais produtoras de grãos do Estado, também registra rendimentos abaixo da expectativa. Por enquanto, a Emater ainda prevê produtividade média de 55 sacas por hectare.
A torcida é para que os resultados superlativos esperados para boa parte das lavouras não colhidas compensem perdas de última hora e não comprometam o setor da economia que ainda consegue crescer no Brasil.