Após seis dias interditado, o Frigorífico Silva, de Santa Maria, foi liberado nesta quinta-feira pela fiscalização a retomar as atividades a partir desta sexta-feira. Conforme o Ministério Público do Trabalho (MPT), a indústria fez as adequações nas máquinas que ofereciam risco grave aos trabalhadores. Quanto ao processo produtivo, ou seja, o ritmo das atividades, o frigorífico comprometeu-se em reduzir de 690 para 580 o número de abates diários.
- O trabalho é todo manual, onde o limite humano deve ser respeitado - destaca o procurador do Trabalho Ricardo Garcia.
A interdição temporária de um dos maiores frigoríficos bovinos do Rio Grande do Sul, com mais de 700 trabalhadores, deverá servir como efeito corretivo ao setor - um dos ramos de grande peso na economia gaúcha e o terceiro maior exportador. Presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sicadergs), Ronei Lauxen, admite que todas as plantas frigoríficas necessitam de adequações.
- As empresas precisam se adaptar, mas isso não se faz da noite para o dia - disse Lauxen, após participar de reunião quinta-feira com a cadeia produtiva em Porto Alegre.
A alegação da indústria é de que as adequações exigem investimentos em um momento de retração da economia e ociosidade de 30% das linhas de produção. Pelo que se viu em Santa Maria, no entanto, o custo para adequar-se parece ser bem menor do que as multas aplicadas.
- A planta fez as adaptações nas máquinas em seis dias, gastando pouco mais de R$ 5 mil, com soluções caseiras - conta o procurador do Trabalho.
O que se espera, com o aperto na fiscalização de frigoríficos, é de que as empresas se adaptem às normas estabelecidas para proteger a saúde de trabalhadores diariamente expostos a extremo esforço físico em ambiente frio e úmido.
- Se todos os frigoríficos tiverem entendido o recado, na próxima força-tarefa iremos tomar cafezinho - conclui Garcia, que coordena a operação com auditores do Ministério do Trabalho e Emprego.