Embora não seja uma exigência legal, a certificação e a rastreabilidade do tabaco ainda poderão assegurar a competitividade do produto brasileiro no mercado externo. Frente à ameaça da produção africana, essas ações podem ser um diferencial em um futuro próximo.
Atualmente, o Brasil é o maior exportador mundial, à frente de Índia, Zimbábue e Estados Unidos. Entretanto, o Zimbábue vem ampliando a produção ano a ano, rivalizando com o Brasil na disputa pelo mercado internacional.
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Secretário da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Romeu Schneider explica que 70% do tabaco produzido no Brasil é do tipo flavor (de maior qualidade), um nicho no qual produtores africanos estão investindo fortemente.
- A África está trabalhando para tirar uma fatia do mercado brasileiro. Para termos mais segurança em relação à garantia de manutenção dos negócios, precisamos nos preparar para ter tudo certificado e garantido por instituições oficiais do Brasil - diz Schneider.
Treinamento a caminho
A partir deste ano, o tabaco brasileiro poderá ser certificado pelo Ministério da Agricultura. Instituída em agosto de 2014, com a criação do Sistema de Produção Integrada do Tabaco, a chancela oficial assegura que a produção foi desenvolvida de acordo com menores impactos ambientais e sociais. Outro aspecto positivo é a garantia total de rastreabilidade do produto. No sistema, o produtor registra todos os passos do plantio até a colheita, detalhando datas, quantidades, tipos e marcas de defensivos utilizados. Schneider, que preside a Câmara Setorial do Tabaco, no Ministério da Agricultura, afirma que o país será pioneiro mundial na certificação.
- Podemos dizer que já temos sistema de rastreabilidade. Se sabe tudo o que ocorre do começo até o final da produção. Na prática, a rastreabilidade já existe. Só precisava ser oficializada.
Presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke explica que isso formalizará práticas de responsabilidade socioambiental (não utilização de mão de obra infantil, preocupação ambiental e de saúde e segurança do trabalhador). Agora, a entidade treinará técnicos das empresas. Depois, formará auditores para verificar o cumprimento das exigências.
- Com isso oficializado via ministério, vai se fortalecer ainda mais o Brasil no mercado mundial do tabaco - diz Schünke.
Trilha conhecida
Os principais benefícios de fazer a rastreabilidade do tabaco
Para os produtores
Negociar uma produção diferenciada e garantir a continuidade no mercado.
Para as indústrias
Ganhar reconhecimento em sustentabilidade e responsabilidade social e ambiental e maior diferencial competitivo no mercado global.
Para os clientes
Maior grau de segurança e qualidade dos produtos, resíduos conforme padrões brasileiros e internacionais e garantia de rastreabilidade e sustentabilidade dos processos.