No topo da lista dos possíveis cortes de estrutura do governador José Ivo Sartori, a Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) é uma equação nada simples de ser resolvida. A estatal tem um longo histórico de dívidas e consome anualmente pelo menos R$ 30 milhões em repasses do governo estadual. Balanço divulgado no ano passado mostrou que, em 2013, o prejuízo acumulado foi de R$ 62 milhões.
Ainda assim, fechar as portas da companhia pode exige um esforço maior do que o imaginado. Primeiro porque, conforme a legislação, para fechar a estatal seria necessário, primeiro, realizar um plebiscito.
Há ainda outros percalços. A gestão anterior tentou uma proposta de federalização. Houve um movimento para que a Cesa fosse repassada ao governo federal. As estruturas de armazenagem existentes poderiam ser úteis para a Companhia Nacional de Abastecimento. A ideia, no entanto, não vingou por falta de interesse do Planalto. Direcionaram-se os esforços para tentar sanear as contas e buscar novas fontes de receita. Ainda assim, e mesmo estancando os processos trabalhistas, que consomem boa parte dos recursos da companhia, as contas seguiram no vermelho.
Vender as unidades também se mostrou tarefa inglória. Houve três tentativas para a de Passo Fundo e duas para as de Palmeiras, Nova Prata e Santa Bárbara. O ativo mais atraente - e talvez o trunfo na hora da venda - é o terminal arrozeiro no porto de Rio Grande.
- A Cesa obviamente tem problemas. Mas acho que fechar é muito mais difícil. Acho que passam os quatro anos de governo e o processo não estará concluído - avalia Marcio Pilger, ex-presidente da Cesa, que ficou à frente da estatal durante um ano e 10 meses e antes de sair entregou relatório sobre as contas da estatal.
Outra coisa importante a considerar: ainda que mínimo - menos de 1% da produção gaúcha de grãos -, a Cesa armazena safra e atende a um público em regiões onde a iniciativa privada ainda não chegou com força.