A queixa dos frigoríficos sobre falta de gado segue gerando controvérsia, com posições distintas sobre o rebanho bovino gaúcho. O pesquisador Eduardo Dias, do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e da Cadeia Produtiva (Nespro), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), afirma que o Estado é autossuficiente e, de setembro a novembro, chega a vender o produto para outras regiões do país. A compra de carne de fora, diz Dias, seria apenas devido ao preço mais barato.
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A escassez apontada pela indústria é questionada também pela Federação da Agricultura no Estado (Farsul). Conforme a entidade, o problema não seria falta de oferta, e sim o preço oferecido pelos frigoríficos gaúchos aos pecuaristas. Sobre a ameaça da Marfrig de encerrar as atividades na unidade de Alegrete, o presidente da Comissão de Exposições e Feiras da Farsul, Francisco Schardong, é enfático:
- Temos de identificar qual o real papel do produtor dentro das deficiências apontadas pela empresa.
Independentemente de quem está com a razão, sobre a carência ou suficiência do rebanho, não há dúvida de que a maior produtividade é a saída para suprir o descompasso entre o aumento do consumo e das exportações e do rebanho brasileiro. E o lado positivo da discussão é a mobilização dos produtores e da indústria para buscar avanços efetivos à pecuária gaúcha.
O tema da rastreabilidade é um exemplo. Emperrado por falta de entendimento, voltou a ser reconsiderado após a ameaça de fechamento da Marfrig. Na Fronteira Oeste, pecuaristas propuseram a criação de comissão com governo, indústria e sindicatos para evoluir em pontos que vão de inspeção a linhas de financiamento. Se controversias forem deixadas de lado, avanços importantes poderão ser concretizados.