Para tomar um bom chimarrão só é preciso erva-mate e água quente. Mas uma suspeita levantada pelo vizinho Uruguai complicou essa receita simples ao adicionar ingredientes indesejáveis como chumbo e cádmio. O fato ocorreu há cerca de dois meses, mas os efeitos só agora estão causando polêmica no Estado.
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Uma carga de 200 toneladas do produto brasileiro foi retirada do mercado uruguaio porque exames feitos pelo laboratório tecnológico do país indicaram quantidades de chumbo e cádmio com níves levemente acima dos permitidos pela legislação em vigor no Mercosul. A quantidade é de 0,6 miligramas por quilo de chumbo e de 0,4 miligramas de cádmio.
A coisa começou a complicar para o lado de cá quando se falou da origem no Brasil do produto barrado. A promotoria de Arvorezinha, que é região produtora de erva-mate, abriu inquérito para apurar se existem ou não problemas.
Segundo Paulo Estevam Araújo, promotor substituto de Arvorezinha, o objetivo é provocar uma discussão sobre a ausência de análises na erva-mate de forma sistemática.
- O fato real é que não existe um processo estabelecido - afirma.
Na última sexta-feira, o promotor esteve reunido com técnicos da Secretaria da Agricultura. Agora, aguarda um parecer da divisão de assessoramento técnico para só então buscar análises de produtos.
Valdir Zonin, secretário-executivo do Fundo Estadual da Erva-Mate (Fundomate), da Secretaria da Agricultura, esteve no encontro e diz que acompanha a questão desde o início:
- As ervateiras estão fazendo análises, e, na infusão, não foi detectado problema. Estou tranquilo com o que vi.
A hipótese de disputa comercial não está descartada. E o tal produto barrado no Uruguai? Até o início da noite de ontem, segundo a assessoria de imprensa do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, não havia informações sobre o problema.
Presidente do Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate), Alfeu Strapasson diz que a informação é de que o produto não foi devolvido. Os lotes barrados seguiriam no Uruguai, apenas sem liberação para venda.
Também ainda não se sabe o que explicaria a quantidade de metais acima do permitida. Então, pelo bem de quem gosta de um bom mate (e da própria indústria brasileira ), o melhor caminho é mesmo esclarecer os fatos. Quando isso não ocorre, os boatos se proliferam e podem trazer prejuízos.