O impacto real da reabertura do mercado russo para a carne suína gaúcha ainda não está aparecendo nos nossos números. Por enquanto, quem está levando os créditos da produção do Estado são os catarinenses.
Grande parte dos embarques de carne suína do Rio Grande do Sul neste momento está sendo feita pelos portos de Santa Catarina, principalmente o de Navegantes. A razão para isso vem da logística necessária para atender às demandas da Rússia de produção livre de ractopamina, aditivo de uso permitido aqui, mas vetado lá.
Toda carga enviada precisa passar por análise que ateste a ausência desse componente. Como o resultado demora entre sete e 10 dias para sair, nem sempre é possível que as empresas retenham esse volume na fábrica. Colocado em contêineres, o produto precisa, nesse tempo de espera, ficar armazenado em local com inspeção federal e igualmente aprovado pelos russos.
O Rio Grande do Sul não tem esse armazenador credenciado - a solicitação já foi feita. Santa Catarina tem. Então a opção tem sido encaminhar o produto para filiais do Estado vizinho.
E assim a conta para do lado de lá do Rio Mampituba.
Atualmente, apenas três unidades gaúchas estão habilitadas a vender para a Rússia. Dessas, duas enviaram até o mês de abril, mais de 8 mil toneladas com destino ao país.
O Ministério do Desenvolvimento mostra um dado diferente: de janeiro a junho as exportações gaúchas de carne suína somam 1,13 mil toneladas.
Essa diferença tem sido motivo de preocupação para o Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips), que tenta negociar com a Secretaria da Fazenda uma alternativa para fazer com que esses créditos gaúchos não se percam no caminho da exportação.