Extremamente sensível ao clima e com custo de produção até 50% maior do que outros grãos, o milho tem afugentado produtores seduzidos pela rentabilidade e menor risco de perdas da soja. Mas, nas propriedades onde as contas na ponta do lápis não se resumem ao retorno imediato, as espigas de milho estão mais cheias e reluzentes do que nunca.
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Com potencial de produção que varia de 60 sacas por hectare em desempenho tímido e 300 sacas em lavouras altamente tecnificadas, o milho é a cultura agrícola que mais responde aos investimentos em tecnologia. Os melhores resultados da safra gaúcha são alcançados em áreas irrigadas e com manejo de solo e plantio adequados. A previsão de colheita de quase 5,3 milhões de toneladas no ciclo 2013/2014 está longe de recordes batidos anteriormente, quando a área plantada no Rio Grande do Sul era 68% maior, mas é inédita no quesito produtividade - quase o dobro do que há 20 anos. A produtividade estimada para a atual safra é de 5.272 quilos por hectare (88 sacas/ha). Se alcançada, será recorde, superando os 5.255 quilos de 2010/2011, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
- A maior rentabilidade da soja é uma questão de momento. Aquele produtor que pensa em alcançar boa produtividade em suas lavouras não pode abandonar o milho- frisa Claudio de Jesus, presidente da Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho-RS).
Em VÍDEO, assista imagens da colheita do milho no Rio Grande do Sul e como produtores conseguem bons resultados nas lavouras
As contribuições da cultura incluem desde a redução de pragas e doenças na rotação com a soja e diminuição da erosão do solo até a alimentação de aves e suínos.
- O milho é peça-chave na produção de grãos. Não tem como pensar em sistema produtivo eficiente sem rotação com a cultura - diz Jane Machado, pesquisadora da Embrapa Milho.
Com mais de 30% da área de 1 milhão de hectares colhida, os resultados até agora são positivos - apesar da estiagem que atingiu a cultura na última quinzena de dezembro, período em que parte das lavouras estava na fase de polinização e enchimento de grãos. Conforme a Emater, há perdas nas regiões de Ijuí, Cruz Alta, Ibirubá, Tapejara e Não-Me-Toque. As altas temperaturas das últimas semanas também prejudicaram as lavouras.
- Mas não trabalhamos com frustração de safra, o que ocorre são quebras pontuais- aponta Dulphe Pinheiro Machado Neto, gerente técnico estadual da Emater.
No auge da colheita, a expectativa é de um volume inédito por hectare.
- Em 20 anos, reduzimos pela metade a área plantada. Em contrapartida, conseguimos que a produtividade dobrasse. É uma resposta direta aos investimentos em tecnologia - ressalta o representante da Emater.
O resultado alcançado no Rio Grande do Sul, de 5,7 mil quilos por hectare, porém, ainda é baixo se comparado aos principais produtores do país, mas vem ajudando a compensar a redução da área semeada. No Paraná, a expectativa está acima de 8 mil quilos, e para o Mato Grosso é de 7 mil quilos.
GALERIA DE FOTOS: veja as primeiras imagens da colheita