Enquanto as entidades ligadas ao setor reforçam suas estratégias na disputa criada em torno do Instituto Gaúcho do Leite (IGL), uma pergunta legítima vem de quem tem papel fundamental nesta equação: o produtor. Como fica no meio dessa controvérsia? Afinal, as mais de 120 mil famílias envolvidas na produção gaúcha são as maiores interessadas em ver crescer não apenas o volume, mas também a remuneração.
- Enquanto ficam discutindo, o produtor segue recebendo um valor muito baixo pelo litro de leite. Duvido que uma pessoa consiga se manter sem ter outra atividade, com o valor atual pago - desabafa um produtor de Vacaria, na região dos Campos de Cima da Serra.
Na ponta da língua, estão os argumentos do quanto recebe e do quanto gasta para manter a produção de leite com um plantel de 25 vacas - sendo que a pecuária de leite não é sua única ocupação. Na conta das despesas, itens como ração, preparação da pastagem, de inverno e de verão, vacinação do gado, entre outros.
- A produção caiu cerca de 40% por causa das pastagens secas - diz, sobre os efeitos do clima.
Tem razão o produtor. Divergências quanto à forma pensada para desenvolver o setor precisam ser resolvidas da melhor forma possível, mas sem prejudicar nenhum dos envolvidos no processo, em especial aqueles que são responsáveis pela garantia da matéria-prima. O objetivo tem de estar acima dos meios e não o contrário.
Nesta quarta-feira se encerra o prazo previsto pelo estatuto para que entidades ausentes no ato de criação do IGL manifestem o desejo de aderir à entidade - 15 dias após a assembleia, que foi realizada no último dia 11.
É o caso do Sindicato da Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado, que optou que não participar, da Federação da Agricultura do Estado, que se reúne na quinta para debater o tema, e da CCGL.