O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, falou ao Gaúcha Atualidade, na manhã desta sexta-feira (13), sobre o trabalho do órgão no combate às queimadas florestais. Segundo o representante, os focos de incêndio foram causados de forma intencional.
— Todas as queimadas até aqui são por ação humana. A maior parte é intencional. Nós detectamos alguns casos que foram ligados a descuido, teve um acidente com um caminhão que originou um grande incêndio. Mas, de maneira geral, são pessoas colocando fogo — afirmou.
Agostinho explica que, há, atualmente, 700 fiscais do instituto espalhados pelo país fazendo perícias e autuando os responsáveis.
— Nós estamos trabalhando para responsabilizar o máximo possível essas pessoas. Não dá para aceitar isso, nós estamos com um período muito quente, muito seco e as pessoas precisam entender que não é hora de colocar fogo em absolutamente nada.
Apesar disso, o presidente do Ibama afirma que a crise de incêndios florestais no centro-sul do Brasil deve persistir até o final de setembro. Na Amazônia, o cenário é ainda pior e a previsão é de que a situação só seja amenizada em dezembro. Com isso, a pluma de fumaça deve continuar avançando ao Sul, vinda dos incêndios da floresta amazônica, da Bolívia e do Paraguai.
Quanto às práticas recorrentes de "queima controlada" autorizada por alguns Estados, Agostinho reforça que todo e qualquer tipo de prática ou manuseio agrícola com o fogo está proibido. Atualmente, a maior dificuldade enfrentada pelo instituto é identificar os responsáveis.
— A gente vê o fogo sendo colocado. A gente visualiza nas imagens de satélite, hoje a gente tem o controle disso praticamente em tempo real. A gente vê o fogo surgindo ao longo de uma estrada, sendo colocado a cada 100 metros, a cada 200 metros. Ou seja, é uma coisa organizada, não tem como dizer que não é, não existe fogo espontâneo — reiterou.
Estrutura
O combate aos incêndios florestais é formado pelos corpos de bombeiros, ligados às forças de segurança de cada estado, com atuação preferencial em áreas privadas e estaduais. Em nível federal, tanto o Ibama quanto o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) mantêm mais de 3 mil brigadistas à disposição para o todo o território nacional.
Além disso, o instituto dispõe de 11 helicópteros, 13 aeronaves de lançamento de água e uma grande aeronave do Ministério da Defesa, a KC-390. Essa estrutura está concentrada na Amazônia e no Pantanal, que são as regiões mais afetadas pela estiagem prolongada.
Agostinho também cita um grande desfalque na equipe técnica. Ao longo da última década, cerca de 89 escritórios do Ibama foram fechados e muitos funcionários foram aposentados.
— Orçamento não é problema. Agora, a estrutura dos órgãos ambientais, de fato, vai levar mais tempo.
Em entrevista à Gaúcha, desta vez para o Timeline, o Diretor do Departamento de Clima e Sustentabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Moraes sobre as queimadas.
— As estruturas que nós temos para combater o fogo são, para uma dimensão dessa natureza, ainda muito pequenas. Antigamente a gente estava restrito a parte do território, então poderíamos concentrar os esforços existentes em determinada região. Quando a gente está falando de território todo do país, não temos gente suficiente para fazer o combate do fogo.
Acompanhe a entrevista com o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, ao Gaúcha Atualidade