A Mata Atlântica é o bioma predominante em 337 municípios do Rio Grande do Sul (67,8%), enquanto o Pampa é mais comum nos outros 160. O Estado tem 141 cidades que mesclam os dois biomas (interbiomas). Esse mapeamento foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (28).
O estudo também indica que o Pampa é predominante na Lagoa dos Patos e na Lagoa Mirim. A prevalência desse bioma ocorre apenas em pontos do RS, segundo o IBGE.
Trabalhos similares já haviam sido feitos pelo órgão; a novidade do material é que as informações são detalhadas por municípios e há identificação de locais que abrigam mais de um bioma.
Segundo o órgão, o levantamento busca o aprimoramento das análises do território brasileiro. Isso poderá auxiliar em estudos das características populacionais, urbanização e produção agrícola e pecuária, gestão ambiental, saneamento e impactos da ação humana na natureza.
Segundo André Assumpção, geógrafo da Coordenação de Meio Ambiente do IBGE, a investigação é para fins estatísticos e não terá efeito sobre a definição legal dos biomas correspondentes às cidades.
— Se o município faz parte de dois biomas, isso não muda. A partir de agora, o IBGE diz que, no caso da agregação por bioma, aquele município pertencerá ao bioma A ou B — resume o analista.
Definição não muda
Eduardo Velez, biólogo, consultor ambiental e pesquisador do MapBiomas Pampa, explica que o bioma de um local não muda: é uma delimitação biológica, e não política.
— O município de Quaraí, por exemplo, sempre será do bioma Pampa, mesmo na hipótese extrema e absurda de que toda a sua vegetação nativa seja convertida em soja. O que vale para considerar a qual bioma pertence o território é a sua natureza original, a distribuição da vegetação nativa, da fauna, dos ecossistemas, antes da presença humana — afirma.
Velez comenta que o trabalho do IBGE não é uma novidade para os estudiosos da área, mas pode auxiliar em determinados contextos regionais.
— É interessante que cada município tenha uma compreensão de como a natureza se distribui no seu território. No caso do Rio Grande do Sul, pode ajudar a aumentar a consciência sobre quais compromissos a sociedade e o poder público devem estabelecer com a conservação da natureza típica de cada bioma.
Cenário nacional
A Mata Atlântica é a que está presente em maior número de municípios (3.082). Ela é seguida por Cerrado (1.434), Caatinga (1.209), Amazônia (559), Pampa (233) e Pantanal (22). Apesar de cobrir quase metade do território brasileiro, a Amazônia fica na quarta posição em termos de número de municípios.
Existem 963 cidades localizadas entre dois ou mais biomas. As unidades da Federação que apresentam os maiores percentuais de municípios do tipo são Mato Grosso (45%), Mato Grosso do Sul (41%), São Paulo (34%), Sergipe (31%) e Rio Grande do Sul (28%).
Em valores absolutos, os Estados que apresentam os maiores números de municípios interbiomas são São Paulo (220), Minas Gerais (167), Rio Grande do Sul (141), Bahia (89) e Mato Grosso (64). Quatro municípios do país estão divididos em três biomas: Piripá (BA), Tremedal (BA), São João do Paraíso (MG) e Cáceres (MT).