
Enquanto o Rio Grande do Sul vive a pior enchente de sua história, o México registra 48 mortes devido à intensa onda de calor que assola o país desde março. Tabasco e Chiapas, Estados do sul do país, registraram temperaturas superiores a 45ºC. O governo do pais informou nesta sexta-feira (24) que cientistas alertam para novos recordes de temperatura nos próximos dias.
Um relatório epidemiológico do Ministério da Saúde, com dados até 21 de maio, detalha ainda que 956 pessoas sofreram diversos efeitos devido às altas temperaturas. Em 2023, foi estabelecido um número recorde de mortes com 419 nos quase oito meses que dura a estação quente no México, segundo estatísticas oficiais.
— Esta situação de calor (…) é excepcional — disse o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, na sua conferência de imprensa esta sexta-feira. — É um fenómeno natural muito lamentável, que tem a ver com as alterações climáticas — acrescentou o presidente, sublinhando que as altas temperaturas acompanhadas de pouco vento agravam o problema da poluição na Cidade do México.
A Cidade do México e sua área metropolitana, onde vivem cerca de 22 milhões de pessoas, acumularam nesta temporada dois recordes que quebraram o recorde anterior de 1998:
- 34,2ºC em 15 de abril
- 34,3ºC em 9 de maio
O estado de Veracruz (Leste), com extenso litoral no Golfo do México, registra o maior número de mortes, com 14, seguido por Tabasco (Sul), San Luis Potosí (Norte) e Tamaulipas (nordeste) com oito cada. um.
Mau prognóstico
Cientistas da Universidade Nacional Autônoma do México alertaram na quarta-feira que nas próximas duas semanas o calor poderá se intensificar ainda mais e quebrar recordes históricos.
— 2024 caminha para ser o ano mais quente da história — disse Francisco Estrada, coordenador do Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas da universidade.
O intenso calor, que esgotou garrafas de água e sacos de gelo nos negócios da capital mexicana, aliado à falta de vento, provocou poluição na Cidade do México onde circulam cerca de 6,5 milhões de veículos. Por conta disso, foi declarado estado de alerta em dias com altos índices de poluição, o que tirou mais de 20% dos carros das estradas.
Um dos casos mais dramáticos é a morte de dezenas de bugios na selva dos Estados de Tabasco e Chiapas (Sul), aparentemente devido a temperaturas superiores a 45ºC.
Víctor Morato, diretor de um hospital veterinário de Comalcalo, Tabasco, explicou que os animais desmaiam com o calor e caem de árvores de 15 a 20 metros de altura.
— Quando chegaram aqui em agonia, estenderam-nos a mão como se dissessem "me ajudem". Fiquei com um nó na garganta — comentou esta semana o médico, que tratou oito espécimes, alguns deles com um temperatura corporal de 43ºC.