Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que, no período entre 2011 e 2040, o Rio Grande do Sul deve ter aumento expressivo no volume de tempestades. Segundo as informações, compiladas no Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil, do governo federal, essa elevação pode chegar a 60% nas próximas décadas.
Segundo O Globo, o nordeste gaúcho deve ser mais afetado. A área que engloba Região Metropolitana, Serra, Vale do Sinos, Vale do Taquari, Vale do Caí, Vale do Rio Pardo, parte do Litoral Norte e do Norte tem entre 40% e 60% de chance de receber episódios de chuva extrema até 2040. No resto do RS, a tendência é de aumento entre 20% e 40%.
Elaborado por pesquisadores de diferentes universidades e instituições, incluindo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o plano detalha quais áreas correm maior risco de registrar chuva extrema, secas e outros desastres naturais. Conforme o documento, o aumento nas chances de chuva extrema pode ser registrado no Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão e Bahia.
O mapa também aponta para as regiões brasileiras que sofreram com extrema seca. O norte de Minas Gerais e o sul da Bahia poderão apresentar queda de 20% no volume de total de chuva até 2040. De acordo com Chou Sin Chan, pesquisadora do Inpe e uma das responsáveis por elaborar o modelo, variantes como a radiação solar, temperatura, força do vento e histórico de chuva foram consideradas na previsão e são multiplicadas pelo índice de gases de efeito estufa.
— A parte do modelo que é diretamente afetada com o aumento de gases de efeito estufa é a radiação, em seguida muda a temperatura, o aquecimento das superfícies, vento, as coisas vão se desencadeando. Cada ponto de todo o planeta tem um valor de vento, umidade e pressão: é assim que o modelo evolui. Se mudou a temperatura em todo o planeta, o que vai acontecer nessa região? São respostas que o modelo matemático traz. O clima se organizou de uma forma em que alguns lugares chove mais, e outros não chove. Os cenários indicam mesmo o aumento de chuva no sul e menos no centro do país — disse a pesquisadora ao Globo.
O levantamento também pontua que mais de 3,2 mil cidades brasileiras têm uma capacidade muito baixa de resposta a desastres naturais e climáticos. Segundo o documento, a maior parte dos municípios gaúchos tem capacidade intermediária de resposta. O Índice de Capacidade Municipal (ICM), apresentado pelo Inpe, considera os investimentos em prevenção aos desastres que podem acontecer.