O outono, que começa nesta quarta-feira (20) à 0h6min, marca a transição do verão para o inverno. Neste ano, com a proximidade do fim do El Niño, a estação deverá ser caracterizada por chuva e umidade acima da média. A previsão é de que haja, ainda, muita variação de temperatura ao longo dos dias, com mínimas mais altas que o habitual.
O El Niño, considerado um dos mais fortes até hoje, seguirá influenciando o clima do Estado até metade do outono, apesar de ter começado a perder a intensidade em fevereiro. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há chances de transição para o período de neutralidade – sem influência do El Niño ou do La Niña – no trimestre abril, maio e junho.
— Algumas características do fenômeno ainda serão notáveis. Em abril, deveremos ter chuva acima da média predominando mais na metade norte do Estado. Na metade sul, deverá chover menos que o normal para o mês. Em maio, teremos mais frentes frias passando pelo oceano, causando chuva acima da média em várias regiões. Em junho, a condição fica mais neutra, dentro do esperado — explica Lucas Fagundes, meteorologista da Sala de Situação do Rio Grande do Sul.
Em Porto Alegre, por exemplo, as médias climatológicas para os meses de abril, maio e junho variam entre 114,4 mm e 130,4 mm de chuva. Já em Passo Fundo, no norte do Estado, essas médias podem passar dos 150 mm ao mês. A previsão é de que o volume total de chuva nos meses de outono ultrapasse um pouco os valores mensais de referência, divulgados pelo Inmet.
Para Julio Marques, professor de climatologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a área de alta pressão atmosférica que se desenvolve nas regiões polares da Terra, chamada de alta polar, é o principal fator para o aumento no número de frentes frias previstas para esse outono. São esses sistemas que deverão ser responsáveis pelos dias chuvosos e pela variação de temperatura.
— Alguns modelos estão apontando que, neste outono, teremos umidade e chuva acima do normal. Esse quadro não deixa as frentes frias durarem muito, causando variação de temperatura. Por ter mais chuva e mais nebulosidade, o frio não persiste, mas a temperatura também não sobe tanto. As mínimas podem ficar até 1°C acima da média, enquanto as máximas ficam um pouco abaixo do habitual — acrescenta.
Na Capital, as médias climatológicas de temperatura mínima para os meses de abril, maio e junho são de 16,8°C, 13,6°C e 11,3°C, respectivamente. Marques prevê que, por causa da nebulosidade, as máximas podem ficar até 2°C mais baixas que o habitual. Já as médias de temperatura máxima para os meses de outono variam entre 26,4°C e 20,3°C em Porto Alegre.
Na primavera e no verão, o Rio Grande do Sul registrou diversos episódios de onda de calor e tempestades, fenômenos comumente associados ao El Niño e às mudanças climáticas. Marques não descarta a possibilidade de esses eventos voltarem a acontecer no outono, mas acredita que as chances são baixas.
— As ondas de calor estão associadas ao fluxo de calor que vem do centro do país e, como estamos vindo de um El Niño, ainda tem alguns resquícios. Então elas podem acontecer, mas durando menos e com menor intensidade. Já quanto aos eventos extremos de chuva, sempre existe a possibilidade, mas a probabilidade é menor. Podemos ter, também, episódios de chuva não tão intensa, mas contínua, o que também é preocupante — pontua o professor.
*Produção: Yasmim Girardi