Começou nesta quinta-feira (1º) a safra do camarão de 2024. O período é muito esperado pelos pescadores artesanais do sul do Estado, mas neste ano as expectativas são negativas. A captura do camarão é autorizada até o dia 31 de maio. Durante a manhã nenhum camarão foi capturado na cidade do Rio Grande. Os pescadores saíram para a Lagoa dos Patos ainda na madrugada, e até às 11h nenhuma embarcação tinha chegado no cais.
— Não tenho conhecimento de nenhum pescador que tenha conseguido algum camarão hoje. Não me lembro de algum ano que tenha sido como hoje, em que no 1º dia de fevereiro não tenha voltado com nada. Em 2014, 2015 e 2016, tivemos safras ruins, mas mesmo assim, ainda que pequenas e em pouca quantidade, tinha camarão — relata Nilton Machado, presidente da Colônia de Pescadores Z1, na cidade do Rio Grande.
Machado disse ainda que o início é considerado o melhor mês, mas não tem nada na lagoa neste momento. Em relação a possíveis melhoras, existe uma perspectiva de aparecimento do camarão nos próximos meses, mas não em níveis que possibilite uma boa safra.
Já era esperado que a chuva de 2023 afetassem a reprodução e crescimento do camarão. Diferentemente dos últimos três anos, quando o Rio Grande do Sul sofreu com estiagem, as cheias dos rios que desembocam na Lagoa dos Patos prejudicam a reprodução do camarão. Isso ocorre porque as águas ficam mais doces e frias. O crustáceo prefere um ambiente mais quente e salinizado.
Em Pelotas, os pescadores optaram por não ir pescar na lagoa no primeiro dia de safra, pois já contavam como um dia de prejuízo. O comitê criado pela prefeitura para tratar da pesca no município tem se reunido às sextas-feiras para avaliar a situação e os impactos para os trabalhadores.
As prefeituras das cidades da região decidiram não realizar as cerimônias de abertura da safra por causa das baixas expectativas. São aproximadamente 5 mil famílias, entre pescadores, descascadores e comerciantes, que dependem da pesca artesanal na Zona Sul e que se preocupam com a falta de camarão.