Vizinha do Rio Grande do Sul, Santa Catarina também é um local onde a natureza atua de forma severa. O Estado, em 27 de março de 2004, foi atingido pelo único furacão já registrado no Atlântico Sul. O fenômeno, batizado Catarina, deixou um rastro de destruição e 11 mortos.
Meteorologista do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia (Epagri/Ciram), Maria Laura Rodrigues ressalta que os eventos climáticos registrados nas décadas de 1980 e 1990 ajudaram a aperfeiçoar o sistema de monitoramento do Estado.
— Avançamos muito no que diz respeito a qualidade de informações. As pessoas acreditam na previsão do tempo e nos quadros apresentados na TV e divulgados via redes sociais — enfatiza.
O grupo de gerenciamento de riscos de Santa Catarina conta com representantes da meteorologia, da Defesa Civil e da companhia de energia elétrica. Criado com o objetivo de monitorar recursos naturais e o meio ambiente, o Ciram está localizado em Florianópolis e opera na sede da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
O Ciram está integrado a uma rede de estações experimentais e centros especializados, localizados estrategicamente nas diversas regiões agroecológicas de Santa Catarina.
— Não temos nenhuma região do Estado sem cobertura. E contamos com estações meteorológicas — afirma Mario Quadro Leal, coordenador do curso técnico de meteorologia do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).
Por conta da chuvarada de 2008, em que 135 pessoas morreram e um terço do território catarinense foi atingido pelas chuvas, especialmente o Vale do Itajaí, o governo deu início a uma série de mudanças nos sistemas de alerta.
— Mudamos a forma de operar o serviço de monitoramento para alerta de desastres — afirma Aldo Baptista Neto, coronel da reserva do Corpo Bombeiros de Santa Catarina e ex-coordenador-geral de Gerenciamento de Desastres da Defesa Civil nacional.
Conforme Baptista Neto, Santa Catarina, além de contar com quatro radares para acompanhar a previsão do tempo, também tem três barragens de monitoramento de solo. A população tem acesso a planos estaduais de prevenção, monitoramento, alerta e assistência em casos de fenômenos meteorológicos extremos. O Estado possui ainda sistemas de informação para alerta à população de fenômenos meteorológicos extremos.
— É preciso elevar o status quo da Defesa Civil ao mesmo nível de secretarias de Estado — defende.
Blumenau tem serviço próprio
No Vale do Itajaí, a cidade de Blumenau conta com o AlertaBlu. O sistema emite avisos e alertas meteorológicos à população e aos órgãos municipais sempre que há a previsão de ocorrência de evento intensos de caráter meteorológicos, climatológicos ou hidrológicos. É possível ter acesso a esses dados por meio de um aplicativo, pelas redes sociais e também pelo site exclusivo do sistema.
O AlertaBlu conta com uma rede de 18 estações telemétricas espalhadas pelo município, sendo 16 pluviométricas, para medir o volume de chuva; uma estação meteorológica, para temperatura, umidade do ar e a direção e intensidade do vento; e uma estação hidrometeorologia que faz medições do nível do Rio Itajaí-Açú e de chuva. Além disso, o sistema conta com duas repetidoras e um serviço para recepção e processamento de dados e também um modelo de previsão do tempo específico para a cidade.
Estas estações enviam a cada 15 minutos os dados observados para a central do AlertaBlu, localizada no prédio principal da prefeitura, favorecendo o monitoramento em tempo real. A equipe do AlertaBlu é composta de meteorologistas, técnico em meteorologia, agente administrativo e analista de informática que trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana em regime de escala.