China aprovou no primeiro trimestre de 2023 um aumento de suas capacidades de produção de energia elétrica partir do carvão, em detrimento do objetivo de redução das emissões procedentes de combustíveis fósseis. O país asiático é o maior emissor mundial de gases do efeito de estufa, responsáveis pelas mudanças climáticas.
A ONG Greenpeace lamentou nesta segunda-feira (24) o aumento, especialmente devido aos compromissos chineses nesta área serem considerados essenciais para limitar o aumento das temperaturas mundiais.
No primeiro trimestre do ano, autoridades da China aprovaram a construção de centrais de carvão, com capacidades de pelo menos 20,45 gigawatts (GW), segundo a organização ecológica Greenpeace.
O número representa mais que o dobro dos 8,63GW registrados no mesmo período do ano passado. E mais que os 18,55GW aprovados para todo o ano de 2021.
O aumento provoca temores de que a China recue em seus objetivos climáticos: atingir o pico de emissões de carbono entre 2026 e 2030, para alcançar a neutralidade de carbono até 2060. No ano passado, a China produziu quase 60% de sua energia elétrica a partir do carvão.
O aumento do número de centrais de carvão "pode provocar catástrofes climáticas", lamentou Xie Wenwen, diretor do Greenpeace.
Alguns novos projetos aprovados no primeiro trimestre de 2023 estão localizados em províncias que sofreram escassez de energia elétrica no ano passado em consequência das ondas de calor sem precedentes, que reduziram a produção de energia hidrelétrica, segundo o Greenpeace.
A ONG alerta para o que chama de "um círculo vicioso", no qual o funcionamento das centrais a carvão, em particular para alimentar os aparelhos de ar condicionado no verão, produz mais emissões que, por sua vez, acelerarão as mudanças climáticas e produzirão ondas de seca.