Um grupo de pesquisadores do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (Icas) começou um estudo sobre a adaptação ao Cerrado de um tamanduá-bandeira albino encontrado em agosto deste ano no Mato Grosso do Sul. Segundo os estudiosos, ele é o único de sua espécie já identificado em todo o planeta. O animal, de pelagem clara e olhos avermelhados, recebeu o nome de Alvin. Com informações da BBC.
De acordo com a equipe, o estudo ajudará a compreender como o animal conseguiu sobreviver e como o desmatamento do Cerrado afetou a espécie. O tamanduá tinha oito meses de vida quando foi visto por funcionários de uma fazenda particular da região de Três Lagoas, a cerca de 300 quilômetros de Campo Grande, capital do Estado. Hoje ele é monitorado por um rádio-colar que foi colocado em seu pescoço.
Na época em que foi localizado, ele estava sendo transportado nas costas de sua mãe. É comum que as fêmeas da espécie cuidem de seus filhotes por até 10 meses.
A mãe de Alvin faz parte da espécie tamanduá-bandeira, mas não é albina. Ela tem pelagem acinzentada, que serve para camuflagem no meio da vegetação. Segundo os pesquisadores, a geração de um filhote albino acontece conforme a combinação genética dos pais do mamífero.
Em agosto do ano passado, outro tamanduá-bandeira com pelagem aloirada foi visto na mesma região, mas os especialistas já o encontraram morto. A equipe suspeita que ele também seja albino. Nos próximos meses, amostras genéticas dele e de Alvin serão comparadas em laboratório.
O que é albinismo?
Segundo os pesquisadores do Icas, o albinismo pode ser definido como uma desordem genética que limita a produção de melanina (proteína cuja principal função é garantir a pigmentação da pele e a proteção contra a radiação solar).
No caso de animais albinos, a pelagem adquire coloração mais clara ou aloirada, como é o caso do Alvin.
Risco de extinção
Além de Alvin ser o único de sua espécie que se tem registro, os tamanduás-bandeiras de forma geral correm risco de extinção.
De acordo com União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), o tamanduá-bandeira é considerado o mamífero mais ameaçado de extinção na América Central. Segundo dados da instituição, a espécie perdeu 30% de sua população entre 2003 e 2013.
Atualmente, os remanescentes da espécie estão localizados no Cerrado brasileiro e em outras regiões da América do Sul.
Entre as principais razões para a extinção da espécie estão a perda do habitat por causas dos incêndios florestais, uso inapropriado das terras para atividades agropecuárias, caça ilegal, desmatamento ambiental e o risco de atropelamento nas rodovias.