Discursos sobre a necessidade de adotar ações mais decisivas contra a emergência climática marcaram o início, neste domingo (6), no Egito, da Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27).
Na segunda (7) e na terça-feira (8), ocorrerão encontros entre chefes de Estado e representantes de alto escalão de dezenas de países para discutir como transformar os planos desenhados na conferência anterior em medidas concretas. Nos dias seguintes, estão previstos debates temáticos com participação da sociedade civil (veja calendário ao final da matéria).
— Devemos ser claros por mais difícil que seja o momento atual. A inação equivale à miopia e não retarda a catástrofe climática — afirmou o presidente da COP anterior, em Glasgow, Alok Sharma, na abertura dos trabalhos.
O evento, que se estenderá até o dia 18, deverá contar com a presença, em diferentes momentos, de líderes mundiais como os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, da França, Emmanuel Macron, o chanceler alemão, Olaf Scholz, além do presidente eleito brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva — que deverá ocupar o vácuo deixado pela negativa do atual mandatário, Jair Bolsonaro, em participar do encontro.
Nem todos os governantes de maior peso, porém, devem estar presentes nos primeiros dias da conferência. Biden, por exemplo, só deverá passar pelo Egito mais adiante. Um dos pontos para se prestar atenção ao longo da conferência são os possíveis encontros bilaterais de Lula, que deverá se fazer presente na segunda semana. A comitiva brasileira tem planos de estabelecer conversas com Biden, Macron e o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Como de costume, os eventos da COP27 serão divididos em duas "zonas". A azul, administrada pela ONU, se destina a receber as negociações entre os países por meio de representantes devidamente credenciados. A verde, gerida pelo governo egípcio e aberta ao público registrado, terá exposições, workshops, e palestras a fim de promover a consciência ambiental. É neste palco em que artistas, ativistas, acadêmicos e representantes da juventude, entre outros setores da sociedade civil, poderão expressar suas opiniões.
As palestras da zona verde terão temas pré-determinados para cada dia — começando com debates sobre financiamento a políticas de sustentabilidade, na quarta-feira (9), por exemplo, e encerrando com conversas sobre soluções para os desafios ligados ao clima no dia 17.
RS e Porto Alegre estarão presentes no evento
O secretário do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) de Porto Alegre, Germano Bremm, vai representar a Capital na COP27. Bremm deverá apresentar medidas que a cidade vem tomando para cumprir a meta de redução de 50% nas emissões de carbono até 2030 e de zerá-las até 2050.
Entre essas ações, segundo a prefeitura, estão a instalação de placas fotovoltaicas em escolas municipais, a isenção da obrigatoriedade de vagas de estacionamento para desestimular o uso de carros, incentivo à instalação de telhados sustentáveis, criação de terrários urbanos e hortas comunitárias, entre outras.
O secretário também pretende buscar novas formas de captar recursos a serem aplicados em obras capazes de enfrentar as mudanças climáticas.
— Esperamos anunciar, direto da COP27, avanços importantes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera e novas parcerias para o desenvolvimento do plano de ação climática e para iniciar o processo de despoluição de um dos principais afluentes do Guaíba — afirma Bremm.
O governo estadual também vai participar da conferência, entre os dias 10 e 15 de novembro, quando apresentará iniciativas ambientais como políticas de baixo carbono, que visam reduzir o nível de emissão dos gases do efeito estufa, a proposta de mensuração científica do fluxo de carbono nas diversas cadeias produtivas do Estado e os projetos de produção do hidrogênio verde.
Programação da "zona verde" da COP27
Quarta-feira, 9
Finanças: serão discutidas políticas e instrumentos financeiros capazes de ampliar as medidas de combate às mudanças climáticas.
Quinta-feira, 10
Ciência: deverão ser apresentadas conclusões de estudos e debatidas possíveis soluções trazidas por cientistas.
Juventude e gerações futuras: o ponto de vista dos mais jovens será apresentado em um dia próprio para estimular o engajamento das novas gerações.
Sexta-feira, 11
Descarbonização: apresentação de tecnologias capazes de reduzir a emissão de carbono e favorecer o clima.
Sábado, 12
Adaptação e agricultura: como a produção agrícola pode enfrentar o cenário de mudanças climáticas.
Segunda-feira, 14
Gênero: o papel das mulheres ao lidar com efeitos das mudanças climáticas.
Água: impacto das mudanças no clima sobre mananciais e como gerenciar melhor as fontes de água.
Terça-feira, 15
Sociedade civil: apresentação de boas práticas e compartilhamento de desafios encontrados na luta contra o aquecimento global.
Energia: temas como eficiência e transição energética para fontes mais limpas, a exemplo do hidrogênio verde.
Quarta-feira, 16
Biodiversidade: o impacto das mudanças climáticas sobre a biodiversidade, e soluções baseadas na natureza e em ecossistemas específicos.
Quinta-feira, 17
Soluções: possíveis soluções para os desafios representados pelas alterações no clima, incluindo desde finanças até a construção de cidades mais sustentáveis.