Um inverno típico, com um mês de julho de temperaturas mais altas e chuva abaixo da média. Assim pode ser resumida a estação mais fria do ano no Rio Grande do Sul em 2022. A neve prevista para este ano não foi nem perto da registrada no Estado em 2021. De acordo com a Climatempo, o fenômeno foi observado, de forma discreta, apenas em pontos da Serra no dia 18 de agosto, acompanhada por chuva congelada.
— Não foi um inverno marcado pelo frio intenso; fez calor e, portanto, com poucas condições para neve. Não é um inverno que vai ficar na memória dos gaúchos por causa do frio — diz Josélia Pegorim, meteorologista da Climatempo.
O período gelado terminou, mas a primavera, que teve início às 22h4min da última quinta-feira (22), deixou os primeiros dias com jeito de inverno: uma massa de ar polar foi a responsável por temperaturas abaixo dos 5°C em diversos pontos do RS e por neve na serra de Santa Catarina.
O veranico em meio ao inverno gaúcho fez Porto Alegre, por exemplo, registrar o julho mais quente dos últimos quatro anos, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A média da temperatura máxima foi de 22,4°C, 14% acima do esperado para o mês, que é de 19,6°C.
De forma geral, o inverno deste ano teve chuva irregular e mal distribuída no Estado, segundo o meteorologista Marcelo Schneider, do 8° Distrito do Inmet. Por isso, no período, algumas regiões registraram volumes acima da média e, outras, abaixo da média.
— Na região entre o Planalto e a Serra, a chuva ficou um pouco acima do normal, em torno de 120 milímetros acima da média, que costuma ser de 450 milímetros para essa região entre junho e agosto — diz Schneider.
Já entre a Região Metropolitana e o Litoral Sul, a chuva pouco apareceu no inverno. Em Porto Alegre, foi um total de 346 milímetros que caíram entre 21 de junho e 21 de setembro, volume 19% menor do que a média para esse período, que é de 426 milímetros.
De acordo com o Inmet, desde 2017 a Capital não registrava um volume tão baixo de chuva durante o inverno — naquele ano, foram 275 milímetros.
Em relação às temperaturas, o inverno começou típico, aponta Schneider, com sucessivas ondas de frio, mas houve uma mudança em julho, mês que foi um pouco mais quente. Em junho, São José dos Ausentes marcou -3,6°C, enquanto em julho o termômetro na cidade da Serra não baixou de -0,1°C. De forma geral, explica o meteorologista, o mês de julho deste ano foi o mais quente no Brasil desde 1961. As temperaturas mais elevadas se justificam porque as frentes frias não conseguiram ingressar.
— Essas massas de ar frio não conseguiram avançar em direção ao interior do Brasil e estacionaram na fronteira do Rio Grande do Sul — diz.
Mas o frio mostrou as caras novamente em agosto, quando o Estado voltou a marcar temperaturas negativas — São José dos Ausente registrou -2,8°C.
— De agosto para setembro, tivemos mais frentes frias, com eventos de precipitação e queda na temperatura — observa Schneider.
Apesar das variações nas temperaturas, foi um inverno típico para os gaúchos, sem grandes surpresas.
— É o que vem acontecendo em alguns invernos de alternância característica no Rio Grande do Sul. Tivemos uma variação muito grande em julho, com temperaturas elevadas, mas isso foi compensado pelos outros meses — resume Schneider.