Os meses do inverno no Litoral Sul costumam ser especiais para os amantes da fauna marinha. Nesse período, a Praia do Cassino, em Rio Grande, recebe com frequência a visita de lobos-marinhos, leões-marinhos, focas e outros pinípedes. Os animais utilizam as faixas de areia e os molhes da barra de Rio Grande para descansar e tomar um solzinho, em momentos que costumam ser registrados pelos turistas.
Mas, em alguns casos, esses animais precisam de ajuda. Foi o que aconteceu com um lobo-marinho, encontrado ferido no Cassino na última terça-feira (2). Ele foi resgatado pela equipe do Centro de Recuperação de Animais Marinhos da Universidade Federal do Rio Grande (Cram-Furg).
Conforme a coordenadora do Cram, Paula Canabarro, o lobo-marinho tem lesões nas nadadeiras e, agora, passa por exames de avaliação. O tempo para reabilitação e retorno à natureza vai depender da resposta ao tratamento.
Não há colônias de reprodução dessa espécie no Brasil. Os lobos-marinhos que aparecem no Cassino costumam se reproduzir durante o verão em colônias da costa do Uruguai e da Argentina. Durante o inverno, os animais aproveitam as correntes marítimas em direção ao norte para chegar ao sul do Brasil em busca de alimento.
— Na maioria dos casos, eles estão saudáveis e só estão dando uma pausa. Diferente de outras espécies, como golfinhos, que, quando aparecem na praia, estão encalhados. Já os lobos e leões-marinhos saem da água e passam parte do seu período fora da água, descansando — explica Paula Canabarro.
Mas também não são raros os casos de animais feridos ou debilitados, que precisam de ajuda. O Cram atua no atendimento, resgate e reabilitação desses indivíduos. São, em média, 200 atendimentos do tipo por ano.
A convivência com esses animais, em geral, é pacífica. Mas uma interação em específico tem preocupado especialistas nos últimos anos: os cães. Conforme Sérgio Estima, coordenador do Projeto Pinípedes do Sul, que também atua na preservação desses animais, é cada vez mais comum o registro de mortes de filhotes de lobos-marinhos atacados por cães.
— Na frente dos balneários, pela grande quantidade de cães domésticos, estamos tendo que fazer a remoção dos animais marinhos para outras regiões menos habitadas. Esses animais estão tendo uma interação muito negativa com os animais domésticos. Os cães aprenderam a predar, por instinto, os animais marinhos. Eles acabam matando esses filhotes de lobos-marinhos — explica Estima.
Cuidados necessários ao encontrar um pinípede
- Manter distância mínima de 5 metros;
- Manter animais domésticos e automóveis afastados;
- Não tentar colocar os animais para dentro da água;
- Não oferecer alimento ou água;
- Não usar flash ao fotografar;
- Entrar em contato com os projetos de preservação: CRAM-Furg, pelo (53) 99924 4396, ou o Pinípedes do Sul, pelo (53) 3236 2420.