O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, inaugurou nesta segunda-feira (1º) a Cúpula do Clima (a COP26) em Glasgow, com um apelo para acelerar os esforços contra as mudanças climáticas.
— Se fracassarmos, as gerações futuras não nos perdoarão. Elas nos julgarão com amargura, e terão razão — disse ele a mais de cem chefes de Estado e de governo reunidos no evento para discutir esforços contra o aquecimento global.
O premier recorreu à figura do "filho mais ilustre da Escócia", o agente secreto James Bond, para fazer uma analogia entre as aventuras da ficção para salvar o mundo e a ameaça real ao planeta.
— Estamos quase na mesma posição que James Bond, exceto que a tragédia não é um filme — disse. —O relógio está correndo — alertou.
O líder do Reino Unido foi um dos críticos da falta de um consenso climático mais ambicioso após a reunião das 20 maiores economias do globo (G20), realizada no fim de semana, em Roma. A resistência de China, Índia e Rússia, dentre outros países, impediu que se fixasse um prazo para a neutralidade climática.
Já o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, destacou que partes da Floresta Amazônica "agora emitem mais carbono do que absorvem". Em julho, uma pesquisa publicada na revista científica Nature mostrou que a parte sudeste da Amazônia se tornou uma grande fonte de emissão de CO2.
— Este é o momento de dizer basta. Basta de brutalizar a biodiversidade, de matar a nós mesmos com carbono, de tratar a natureza como uma latrina e de cavar nossa própria tumba — disse ele, que também ressaltou os esforços insuficientes dos países até agora.
Antes de Guterres, discursou na COP26 Txai Surui, jovem ativista de Rondônia que defende o povo Paiter Suruí, na Amazônia. Ela lembrou que a poluição e as mudanças climáticas causam impactos à floresta.
— Os rios estão morrendo e nossas plantas não crescem como antes — disse.
Também pediu ações urgentes:
— Não é 2030 ou 2050. É agora.
O que é a COP26?
A COP26, que começou no domingo e seguirá até o dia 12, discute ações climáticas que possam fortalecer o combate ao aquecimento global com base nas metas do Acordo de Paris, pacto assinado em 2015. A conferência ocorre em um momento em que eventos climáticos extremos — como secas, inundações e ondas de calor — têm sido cada vez mais frequentes.
O relatório do IPCC, painel intergovernamental de mudanças climáticas da ONU, mostrou este ano que o planeta deve ficar 1,5°C mais quente do que na era pré-industrial já na década de 2030, 10 anos antes do inicialmente previsto.
Por isso, decisões políticas tomadas pelos líderes ao longo da COP26 são determinantes para salvar o planeta, mas há grandes desafios para chegar a um acordo.