Uma baleia-franca e seu filhote foram vistos nesta quarta-feira (28) no mar de Torres, no Litoral Norte. Os animais foram filmados na Praia da Cal, que fica entre o Morro do Farol e o Morro das Furnas. Quem captou as cenas foi o produtor de imagens César Luiz Bard, 31 anos, que estava fazendo outra gravação em um local próximo quando foi avisado pelo instrutor de uma escola de voo em parapente que os animais haviam aparecido.
— Fazia muito tempo que eu queria registrá-las, mas não conseguia. Então pedi para o pessoal da escola, que trabalha diariamente no morro, me avisar. Deu certo, conseguimos 25 minutos de gravação — afirma César, que trabalha em parceria com a esposa, Ana Kruger.
As imagens foram feitas com um drone operado de cima do Morro do Farol — considerado o melhor lugar para avistar cetáceos na região. Segundo Daniel Danilewicz, biólogo e coordenador do projeto Farol das Baleias (Gemars), 2021 tem sido um ano atípico no Litoral Norte, pelo grande número de baleias que tem aparecido no mar: 23 grupos foram registrados por pesquisadores desde janeiro. O pico costuma ocorrer entre o final de agosto e o início de setembro, e o volume de cetáceos se alterna, aumentando a cada três anos.
— Não sabemos exatamente por que, mas este ciclo pode estar relacionado à reprodução, já que as baleias se reproduzem a cada três anos, em média. Também pode ter algum fator ambiental ou de alimentação — explica.
Há quatro anos em Torres, o projeto deve alcançar números recordes em 2021. Só nas duas últimas semanas, foram registradas 12 horas de filmagens usadas para pesquisa (veja ao final deste texto como avisar os pesquisadores caso uma baleia seja avistada).
— A maioria das gravações mostra mães com filhotes, mas já captamos baleias com comportamento reprodutivo. Como a baleia-franca é um animal ainda vulnerável, em perigo de extinção, é uma felicidade ver um número razoável no nosso litoral— afirma o biólogo.
Professor e pesquisador do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), Ignácio Moreno explica que a baleia-franca-do-sul (eubalaena australis) costuma aparecer na zona costeira e se reproduzir no sul do país, especialmente em Santa Catarina. Os grupos são vistos com mais facilidade de manhã, com o vento mais calmo.
Segundo o professor, uma baleia-franca macho tem, em média, 14 metros de comprimento e 40 toneladas, enquanto a fêmea costuma ter 15 metros e 45 toneladas. Há, no entanto, registros de animais de até 17 metros. Já os filhotes medem, em média, cinco metros e pesam cerca de duas toneladas.
Apesar da beleza das imagens registradas por drones, o pesquisador alerta que os equipamentos podem incomodar os cetáceos.
— Há estudos mostrando que o drone causa um pouco de estranheza nos animais. Pode gerar estresse, confusão e incomodar a mãe e seu recém-nascido. Por isso é importante que as pessoas tomem cuidado e não cheguem muito perto — explica.
Conforme o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), aeronaves motorizadas tripuladas (como aviões e helicópteros) e não tripuladas (como drones) não devem se aproximar de cetáceos em altitude inferior a 500 pés sobre o nível da água no raio de 150 metros de distância dos mamíferos aquáticos.
Se você avistar baleias no Litoral Norte, pode avisar os pesquisadores do projeto Farol das Baleias por meio do telefone (51) 98914-5022 ou pela página do projeto no Instagram.