O Mediterrâneo recebe, a cada ano, quase 230 mil toneladas de lixo plástico, um número que pode duplicar até 2040 por falta de medidas "ambiciosas", de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), em comunicado nesta terça-feira (27).
Egito, com 74 mil toneladas ao ano, Itália, com 34 mil, e Turquia, com 24 mil, são os países que vertem mais plástico no Mediterrâneo, segundo relatório da instituição internacional. Em termos per capita, a lista é liderada por Montenegro (oito quilos por pessoa ao ano), Bósnia-Herzegovina e Macedônia do Norte (ambos com três quilos/pessoa/ano).
"Um estimado de 229 mil toneladas de plástico, o equivalente a mais de 500 contêineres, é lançado todo o ano no Mediterrâneo", afirmou a UICN em um comunicado à imprensa, acrescentando que identifica a má gestão dos resíduos como a causa de 94% dos dejetos.
Caso se mantenha a situação atual, "a descarga anual chegará a 500 mil toneladas por ano até 2040", então são necessárias "ações ambiciosas para além dos compromissos atuais" dos países para limitar o fluxo de plásticos, frisou a organização, autora da "lista vermelha" de referência sobre espécies ameaçadas no mundo.
— A poluição por plástico pode causar danos de longa duração nos ecossistemas marinhos e terrestres e à biodiversidade. Os animais marinhos podem ficar presos em redes, ou engolir resíduos de plástico, e morrer de fome, ou exaustão — disse Minna Epps, do programa IUCN Seas.
O relatório aponta que, com uma melhor gestão de resíduos nas 100 cidades que mais contribuem para a poluição, o despejo de plástico no Mediterrâneo poderia ser reduzido em mais de 50 mil toneladas por ano. Outra medida eficaz é a proibição de certos produtos, como sacolas plásticas, cuja supressão poderia contribuir com mais 50 mil toneladas por ano a menos desse tipo de resíduo na água.
— Os governos, o setor privado, os centros de pesquisa, a indústrias e os consumidores devem trabalhar juntos para redesenhar processos e a cadeia de suprimentos, investir em inovação e adaptar padrões de consumo sustentáveis e melhores práticas de gestão de resíduos para reduzir o fluxo de resíduos plásticos — resumiu Antonio Troya, diretor do Centro de Cooperação para o Mediterrâneo da IUCN, com sede em Málaga, sul da Espanha.