O esvaziamento do reservatório da Barragem de Laranjeiras, construída na década de 1960 e localizada no limite entre as cidades de Três Coroas e Canela, causou a falta de água em Três Coroas, nesta terça-feira (20). Atingido pelas águas da barragem, o Rio Paranhana ficou turvo e peixes apareceram mortos nas margens. A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) interrompeu o abastecimento em 23 bairros da cidade, devido à turbidez da água durante a captação.
De acordo com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), o esvaziamento começou a ocorrer no sábado (17), por medidas de segurança. Conforme nota divulgada pelo órgão, "a intervenção foi uma medida pontual e emergencial para que a Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-GT) pudesse avaliar as condições estruturais da barragem que foi construída na década de 1960 e estava desativada".
Ainda segundo a nota, o procedimento está em fase final e todas as medidas de mitigação estão sendo tomadas para evitar mais transtornos. Conforme a Corsan, com o esvaziamento, o leito do Rio Paranhana está arrastando grande quantidade de lodo — acumulado no fundo da represa —, o que compromete a captação de água bruta para o abastecimento público. Desta forma, pode haver interrupção na distribuição de água nos municípios de Três Coroas e Igrejinha. Ainda não há previsão de normalização. Para minimizar os efeitos à população, a Corsan está utilizando caminhões-pipa.
Segundo a secretária do Meio Ambiente de Três Coroas, Eliane dos Santos, a prefeitura sabia do trabalho que vinha sendo realizado na barragem, mas não foi informada com antecedência sobre a abertura das comportas no sábado. Ela ressalta que era importante ter informado a população sobre a situação que ocorreria. Apesar disso, Eliane sustenta que a movimentação foi necessária para a proteção da comunidade.
— O rompimento desta barragem seria fatal para a população do município — afirma.
Segundo a secretária, o local não era limpo há mais de uma década e, por isso, a lama que estava depositada no fundo da barragem acabou sendo movimentada. Eliane garante que alguns peixes morreram devido ao impacto da abertura das comportas:
— A lama está escura porque ficou muito tempo sem movimentação. São sedimentos que estão dentro do rio. Não tem contaminante dentro da água. É como se fosse uma enchente. A situação não vai trazer danos ambientais. A população só passará o dia de hoje sem água. Estive na beira do rio e a água está mais clara. Acredito que até amanhã já estará tudo normal.
Após a publicação desta matéria, a CEEE informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que recebeu denúncia de moradores sobre um vazamento na barragem e enviou uma equipe ao local para verificar a situação. O governo do Estado foi avisado e solicitou à empresa que fizesse as intervenções emergenciais necessárias para eliminar o risco de rompimento da barragem, que não possui registros de inspeção de segurança ou de qualquer manutenção. "Para eliminar o risco e realizar uma inspeção de segurança, foi necessário esvaziar o reservatório", diz a CEEE.
Questionada se avisou os municípios antes, a CEEE disse que "autoridades estaduais e municipais (como Sema, Fepam, defesas civis estadual e municipal de Três Coroas) estavam acompanhando a realização dos trabalhos desde o início da intervenção emergencial, em 29 de agosto. Desde então estavam sendo realizadas tentativas de abertura da comporta, que foi alvo de vandalismo em 2012. A equipe técnica da CEEE conseguiu iniciar a abertura na tarde de sábado (17)".